Título: QUADRILHA É ACUSADA DE EXTORSÃO E ESTELIONATO
Autor: Jailton de Carvalho
Fonte: O Globo, 18/02/2005, O País, p. 5

Segundo a polícia, pelo menos cinco fazendas foram griladas e vendidas indevidamente

BRASÍLIA. A operação começou no início da manhã e, até o final do dia, 15 acusados já estavam presos. Quase todos foram detidos em Colinas do Tocantins, a 280 quilômetros de distância de Palmas, a capital do estado. A PF ainda estava à procura de mais três integrantes da organização que tiveram mandados de prisão decretados pela Justiça. Outros três integrantes foram apenas indiciados. O grupo é suspeito de formação de quadrilha, estelionato, extorsão, corrupção, entre outros crimes. Pelo menos 150 policiais participaram da operação.

A Polícia Federal reuniu um vasto conjunto de indícios contra os supostos grileiros. Entre essas provas estão várias conversas gravadas com autorização judicial, nas quais os acusados mencionam os negócios ilegais com a venda das terras invadidas. As denúncias foram reforçadas também nos depoimentos de oitos testemunhas que teriam sido vítimas da quadrilha. A polícia tem informações de que pelo menos cinco fazendas de, em média mil hectares, foram griladas e vendidas indevidamente.

O segurança Carlos Fagundes é apontado como o chefe da organização. Mas um dos mais ricos do grupo é o advogado Ronaldo de Sousa. Em nome dele, os policiais encontraram cinco carros e uma moto. O advogado é apontado como o financista da organização. Segundo a polícia, boa parte do dinheiro arrecadado nas negociações suspeitas passava por contas bancárias do advogado.

Embora tenha concentrado a operação em Colina do Tocantins, os policiais federais fizeram buscas também em Palmas, Bandeirantes, Presidente Kennedy, Guaranaí e Tupirantins. Em algumas dessas cidades os policiais foram aplaudidos pela população local.

¿ Muita gente ficou satisfeita principalmente com a prisão dos policiais civis. Por aqui eles não confiam muito nos policiais ¿ disse um dos investigadores do caso.

Tabeliã falsificava títulos de propriedade

Com o grupo, a PF apreendeu cinco revólveres calibre 38, uma espingarda, uma carabina e uma pistola. As investigações começaram há um ano. Segundo a PF, os grileiros invadiam as fazendas e falsificavam os títulos com a ajuda da tabeliã Lucinete de Souza.

As terras eram vendidas preferencialmente para fazendeiros de outros estados, interessados em plantar soja na região. Em geral, o preço da terra em Tocantins é bem mais baixo que nos estados da região Sul. Os fazendeiros de outros estados também eram considerados mais vulneráveis ao golpe porque não conheciam a organização.