Título: COMEÇA A FALTAR AZT NA REDE PÚBLICA DE SAÚDE
Autor:
Fonte: O Globo, 19/02/2005, O País, p. 10

O atraso de 60 dias na entrega de AZT, fornecido pela empresa indiana Etero, provocou uma crise de abastecimento do remédio, usado no coquetel contra a Aids distribuído pela rede pública. Segundo o Ministério da Saúde, o problema é mais grave em São Paulo, onde vive metade dos 150 mil pacientes que tomam medicamentos anti-retrovirais no país. O desabastecimento também já é registrado em outros estados.

No Brasil, os remédios feitos com base no AZT e no AZT+3TC são produzidos por quatro laboratórios públicos. Com o atraso de 60 dias na entrega da matéria-prima, a produção foi afetada. Os 150 mil pacientes tomam 15 remédios diferentes; sendo que 19 mil usam AZT e 75 mil, AZT+3TC.

¿ O problema é mais agudo em São Paulo, que tem metade dos pacientes, mas não está faltando para todos, porque não vão todos buscar no mesmo dia. Não temos uma estimativa exata do número de pessoas que podem ter problema. Mas a rede está recebendo recomendação para que, se o paciente tem uma recomendação clínica mais grave, deve ter (o AZT) substituído por outras drogas. Isso já é previsto no protocolo ¿ explica o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa.

Ministério tentou comprar produto de outro fornecedor

Segundo ele, o ministério tentou comprar o produto de outro fornecedor. Entretanto, não encontrou para pronta entrega e, por isso, não teve como evitar a crise.

¿ Estamos tendo no mundo um uso de AZT muito maior do que tínhamos há dois anos. Não encontramos nenhuma possibilidade para pronta entrega. O produto já chegou para dois dos laboratórios e para outros deve chegar na próxima semana.

A previsão do ministério é de que o abastecimento volte ao normal dia 28, com a produção diária de 540 mil cápsulas nos quatro laboratórios.

Barbosa explicou que a empresa responsável pela importação justificou o atraso pelo fato de o laboratório indiano ter tido problemas de qualidade em alguns lotes do remédio. Para tentar garantir que não ocorra um novo problema, o ministro da Saúde, Humberto Costa, autorizou a realização de um pregão para compra da droga e ampliação do estoque nacional do produto.