Título: PF PRENDE 23 ACUSADOS DE FRAUDAR O INSS
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Fonte: O Globo, 19/02/2005, O País, p. 12

Na quarta operação desta semana, a Polícia Federal prendeu ontem 23 empresários, servidores públicos, advogados e contadores acusados de fraudar certidões negativas de débito do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) no Pará. Entre os presos está Antônio Fabiano de Abreu Coelho, um dos donos da Engeplan, uma das maiores empreiteiras de Belém. Segundo documentos apreendidos pela PF, entre os donos da empresa também está o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA).

As certidões fraudadas facilitavam a participação das empresas em licitações públicas. Fiscais do Ministério da Previdência Social e do Ministério Público Federal também participaram da chamada Operação Caronte. Os policiais ainda estão em busca de mais cinco acusados, que tiveram prisão decretada pela Justiça Federal. A PF pediu também à Previdência uma devassa fiscal em 20 empresas beneficiadas ao longo de 2004 com certidões negativas de débitos irregulares.

Nas buscas, a PF apreendeu R$200 mil em espécie, 28 carros e 11 armas. A maior parte do dinheiro, aproximadamente R$169 mil, foi apreendida na casa de um advogado, apontado como um dos intermediários entre as empresas interessadas nas certidões negativas de débito e os funcionários do INSS, responsáveis pela emissão do documento. O advogado está foragido.

Os policiais também apreenderam R$35 mil na casa de Roberto Carlos da Silva Oliveira, um agente administrativo do INSS que tem salário mensal de R$2 mil. Entre os carros apreendidos estão uma caminhonete Pajero e um Corola.

Pelas investigações da PF, um grupo de funcionários do INSS, supostamente chefiado pela auditora aposentada Iolanda Matos Cardoso, vendia certidões negativas por valores que variavam entre R$2 mil a R$40 mil. Ao invés de quitar as dívidas, as empresas subornavam os servidores e obtinham as certidões que as tornavam aptas a participar de concorrências públicas.

Senador Flexa Ribeiro disse estar afastado da Engeplan

As investigações começaram há um ano. Ao longo desse período, a PF flagrou vários empresários e representantes de grandes empresas negociando propinas com integrantes do grupo de Iolanda. Um deles é, segundo um dos investigadores, o empresário Antônio Fabiano, da Engeplan.

No final da tarde, Flexa Ribeiro divulgou nota dizendo que está afastado da Engeplan desde 22 de dezembro do ano passado. As irregularidades investigadas pela PF são relativas a todo o período de 2004.