Título: REMÉDIOS CONTRA AIDS CHEGAM DA ARGENTINA
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Fonte: O Globo, 21/02/2005, O País, p. 4

O Ministério da Saúde começou a distribuir ontem três toneladas de medicamentos para tratamento da Aids que foram importados, em caráter emergencial, da Argentina. Os remédios irão para São Paulo e outros estados que estão com os estoques reduzidos. Segundo a assessoria do ministério, os medicamentos vão reequilibrar os estoques até que o abastecimento com a produção nacional seja normalizado. A normalização da oferta dos produtos está prevista para acontecer a partir do dia 28 de fevereiro.

A falta de anti-retrovirais vinha acontecendo em diversos estados desde meados do segundo semestre do ano passado. O caso mais grave era São Paulo, que concentra 50% dos soropositivos. Segundo informações de organizações de aidéticos no estado, 65 mil pessoas estavam sem receber a medicação. O Ministério da Saúde explicou que o Brasil teve problema no fornecimento de matéria-prima por parte da Índia, um dos seus principais fornecedores.

A falta da material é atribuída pelo governo ao incremento, por parte de organismos internacionais, de programas de assistência ao tratamento da Aids em países asiáticos e africanos. Em razão disso, o governo anunciou sua meta de atingir a auto-suficiência na produção da matéria prima, especialmente para a produção do AZT que é mais barato que os demais produtos.

Dois milhões de cápsulas de AZT na Base Aérea

Os medicamentos chegaram à Base Aérea de Brasília, às 23h30m de anteontem, num avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Segundo o Ministério da Saúde, foram importadas 2.000.800 cápsulas de AZT (Zidovudina), um milhão de cápsulas de Lamivudina (3TC) e 800 mil cápsulas de Indinavir. Hoje, outro carregamento com 799.200 cápsulas de AZT e 250 mil cápsulas de Atazanavir chegará ao Brasil.

Os medicamentos foram obtidos após solicitação do Ministério da Saúde brasileiro ao argentino, que pôs à disposição parte de seus estoques estratégicos. Segundo o ministério, nos próximos dias, serão definidas as formas de ressarcimento desses produtos, o que poderá ser feito por meio do envio de outros remédios.

Os números da secretaria de Saúde de São Paulo mostram que o estado consome 1,8 milhão de cápsulas de Biovir, mas em janeiro só recebeu 330 mil. Em fevereiro, apenas 60.600.