Título: TROCA DE ACUSAÇÕES ENTRE AUTORIDADES
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Fonte: O Globo, 21/02/2005, Rio, p. 8

O secretário municipal de Saúde, Ronaldo Cezar Coelho, contestou as informações do TCM. Ele diz que os auditores se basearam num modelo de gestão dos hospitais antigo, que está sendo reformulado. Segundo ele, a crise provocada pelo atraso no pagamento de fornecedores e as filas nos hospitais são um mal que atinge o Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o Brasil.

Ronaldo Cezar também discorda do valor do déficit com fornecedores informado pelo TCM: segundo ele seria de R$210 milhões e não R$240 milhões. Ele diz ainda que a prefeitura sofre o ônus de manter hospitais abertos com aparelhos para diagnóstico, enquanto isso não ocorre em unidades do estado e da União.

Para o secretário estadual de Saúde, Gilson Cantarino, o atendimento a pacientes de outros municípios do estado não é suficiente para justificar o déficit constatado pelo TCM nas contas de saúde do município. Ele sugere analisar os gastos da cidade com a saúde nos últimos anos para ver se houve queda no volume dos recursos aplicados. Cantarino acredita que o município do Rio esteja querendo renegociar os valores de municipalização dos hospitais federais, já que o problema não ocorre em outras cidades que assumiram hospitais da União.

Pelo Ministério da Saúde, o secretário de Atenção à Saúde, Jorge Sola, disse ontem que a culpa da dívida é do município, que não consegue gerir bem os recursos que recebe. Segundo Sola, o governo federal transferiu para a cidade R$2 bilhões no ano passado. E, entre o fim de 2004 e o início deste ano, teria investido quase R$10 milhões em melhorias para hospitais como Salgado Filho e Miguel Couto. Ele disse que o ministério entregou ao município 17 carros para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas até hoje o programa não teria sido implantado. E atacou o fato de não haver uma central de marcação de consultas para o Sistema Único de Saúde no Rio.