Título: MERCADO PREVÊ INFLAÇÃO DE 5,7% E PIB MENOR, DE 3,7%, PARA ESTE ANO
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Fonte: O Globo, 22/02/2005, Economia, p. 23

Após seis altas consecutivas das taxas de juros pelo Banco Central, as expectativas de inflação do mercado caíram muito pouco, passando de 5,8% em setembro do ano passado ¿ quando começou o atual ciclo de elevações ¿ para os atuais 5,70%. Segundo a pesquisa semanal ¿Focus¿, do Banco Central (BC), com cem analistas de mercado, a projeção média do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) recuou na última semana apenas 0,04 ponto percentual. Assim os juros devem subir novamente em março para se alcançar a meta de 5,1% fixada para este ano.

Os economistas consultados pelo BC acreditam que a taxa básica de juros deve aumentar dos atuais 18,75% ao ano para 19% no próximo mês. Além de não estar conseguindo acertar o alvo, o BC já compromete o crescimento da economia no próximo ano, avaliam os analistas: a projeção média para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma de riquezas e serviços produzidos no país) caiu de 4% para 3,7%, como resultado de uma revisão para cima da Selic este ano, que deverá chegar a dezembro em 17% ao ano (contra os 16,78% ao ano esperados na semana passada).

A resistência da projeção acima da meta de inflação é um dos argumentos para o Comitê de Política Monetária (Copom) manter a trajetória de alta dos juros. Semana passada, o Copom elevou a taxa em mais meio ponto percentual, para 18,75% ao ano.

Os cálculos dos economistas consideram o dólar cotado a R$2,83 no fim deste ano. Segundo a pesquisa ¿Focus¿, a perspectiva para o superávit da balança comercial em 2005 manteve-se em US$26,5 bilhões.

IPC-S: alimentação e educação tiveram recuos

A trava nos preços de alimentação e educação fez a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) ¿ de 0,59% de 15 janeiro a 14 de fevereiro ¿ atingir a menor variação desde dezembro do ano passado (0,57%), informou a Fundação Getúlio Vargas (FGV). No caso de alimentação, o recuo se deveu ao fim da entressafra, o que provocou deflação (queda generalizada nos preços) em frutas (1,14% para -1,66%); carnes bovinas (0,70% para -0,47%); e aves e ovos (-0,70% para -1,72%). Em educação, houve desaceleração no subgrupo cursos formais (de 4,10% para 2,96%).

Ontem, com o feriado nos EUA (Dia do Presidente), foi reduzido o volume de negócios no Brasil. Sem o mercado americano como referência, os investidores ¿ especialmente no mercado de câmbio ¿ foram mais cautelosos e a moeda pouco oscilou apesar de novo leilão de compra do BC. O dólar fechou em ligeira alta (0,15%), cotado a R$2,578 para venda. O BC comprou dólares a R$2,577, próximo ao fechamento das operações. A Bolsa de São Paulo subiu 0,36%.