Título: VÍRUS QUE ATACA CELULARES JÁ APARECEU NOS EUA
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Fonte: O Globo, 22/02/2005, Economia, p. 27

O primeiro vírus que ataca telefones celulares, chamado Cabir, chegou aos Estados Unidos, alertaram ontem vários sites especializados. O Cabir foi criado nas Filipinas há oito meses e já atingiu 12 países, distantes como China e Grã-Bretanha. O vírus, segundo especialistas, marca o início de uma nova era para os celulares, que pode afetar a vida do 1,5 bilhão de usuários desses aparelhos em todo o mundo.

O Cabir já tem 15 variantes, mas o maior efeito observado até agora é gastar a bateria do aparelho, segundo Mikko Hypponen, diretor da firma finlandesa de antivírus F-Secure. Mas as variante Cabir.H e Cabir.I são consideradas mais problemáticas: espalham-se muito rapidamente.

Alcance para transmissão do vírus é de 20 metros

O vírus foi descoberto por acaso. Um techie ¿ como são conhecidos os fanáticos por aparelhos eletrônicos ¿ viu a mensagem do Cabir em dois celulares Nokia 6600 na vitrine de uma loja em Santa Monica, na Califórnia, semana passada. Ele avisou o proprietário da loja, que descobriu que seu próprio aparelho estava infectado.

O Cabir ataca três sistemas operacionais de celulares: Symbian, Windows Mobile e o da operadora japonesa NTT DoCoMo. Ele então destrói arquivos e dados, disca sozinho para os números mais usados pelo dono do aparelho e para serviços de emergência, e acaba com a bateria do telefone. Os aparelhos infectados procuram então celulares que usem a tecnologia sem fio Bluetooth, enviando-lhes um arquivo com o vírus. O alcance é de no máximo 20 metros. Para que o vírus atinja outro país, é preciso que o usuário de um aparelho infectado viaje.

Especialistas afirmam que a ameaça dos vírus em celulares vai aumentar, à medida que os criadores das pragas melhorem suas técnicas e as tecnologias usadas nesses aparelhos fiquem mais padronizadas.

Hoje o perigo é menor porque há uma grande gama de tecnologias: o mundo dos celulares não é como o dos computadores, dominado pelo sistema operacional Windows, da Microsoft. Além disso, os usuários que usam seus aparelhos apenas para falar ao telefone, abrindo mão de tecnologias mais sofisticadas, não são afetados pelo vírus.

As empresas agora estão correndo para aumentar a segurança dos celulares. A última versão do Symbian já inclui sistemas de segurança. A Microsoft está investindo em pesquisa, enquanto a DoCoMo criou um programa antivírus para seus assinantes. E as fabricantes de celulares começam a lançar modelos que já vêm com antivírus.

Nova praga, variante do SymbOS.Skulls, foi registrada

A disseminação do Cabir não é a única má notícia. Especialistas alertam que uma variante do SymbOS.Skulls (A, B, C ou D) apareceu nas Filipinas, berço do primeiro vírus de celulares, informou ontem o site LinuxWorld.

O novo vírus, chamado ¿Caveira e ossos¿, é mais perigoso que o Cabir, porque ainda não há uma ferramenta contra ele.

Além de trocar os ícones da tela do celular pelo clássico símbolo da pirataria ¿ a caveira com os ossos cruzados ¿ o vírus afeta os programas instalados e destrói sua bateria. A praga ataca os modelos Nokia 6600, 7600 e 7650, além de alguns aparelhos Sony Ericsson e Motorola.