Título: ADVOGADO PEDE PROTEÇÃO PARA RELIGIOSO
Autor:
Fonte: O Globo, 23/02/2005, O País, p. 4

O ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Pará Sérgio Frazão do Couto quer que o governo federal dê proteção especial ao frade francês Henry des Roziers, da Comissão Pastoral da Terra (CPT). O advogado acredita que o ativista será a próxima vítima da onda de assassinatos no estado. O alerta foi feito ontem, durante a reunião do Conselho Federal da OAB. A entidade deverá repassar o pedido ao Ministério da Justiça ainda esta semana.

¿ O frei desempenha um trabalho intenso, e vivem chegando até nós denúncias de que vão matá-lo. E eu sei que vão, é só uma questão de tempo ¿ afirmou Couto.

O religioso atua como advogado da CPT, na região de Xinguara, principalmente no combate ao trabalho escravo. O frade já pediu ajuda do governo para que sejam protegidas as cem famílias de sem-terra e os líderes mais ameaçados em Rondon do Pará e Altamira.

Ontem, 34 organizações não-governamentais pediram o afastamento do delegado Pedro Monteiro, da Polícia Civil, das investigações da morte de irmã Dorothy. Monteiro é suspeito por ter liberado em 2003 um ônibus parado numa blitz policial com cerca de 18 homens. Monteiro impediu os soldados de revistarem os suspeitos, que depois foram para a Fazenda Costel, em Anapu.

Ativista pede mais empenho do governo federal

Frade Henry encabeça a lista dos religiosos ameaçados de morte no Pará. Uma tabela de preços da pistolagem revela que o assassinato do frade valeria R$100 mil, o dobro do que teria custado a vida da irmã Dorothy Stang. Para o ativista, a responsabilidade por uma possível tragédia na região é do Incra, que não fez reforma agrária na região.

Na sessão de ontem do Conselho Federal da OAB, Couto fez um apelo para que o governo federal assuma a responsabilidade sobre a situação do Pará e comece a agir com mais determinação. O advogado afirmou ainda que assassinatos como o de Dorothy ocorrem todos os dias com pessoas pobres e anônimas.

Ontem, o presidente da OAB, Roberto Busato, anunciou a criação de uma comissão, formada pela OAB nacional e pela seccional da entidade no Pará, para cuidar permanentemente dos conflitos fundiários e das violações dos direitos humanos no estado.

¿ Essa comissão vai oferecer à cidadania brasileira e aos habitantes da região sugestões e apoio para solução dos conflitos ¿ disse.