Título: Morte de fazendeiros não tem ligação com execução de freira, diz polícia
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Fonte: O Globo, 23/02/2005, O País, p. 4

Dois fazendeiros foram assassinados na segunda-feira à noite no Pará, aumentando o clima de tensão em todo o estado, mesmo com a presença do Exército e da Polícia Federal e do reforço dos quadros das polícias Civil e Militar após a morte da missionária Dorothy Stang. Ontem, a Polícia Civil prendeu o principal suspeito do assassinato do fazendeiro Antenor Marques Pinto, de 59 anos, o Novinho, morto no município de Parauapebas, sul do Pará, na segunda-feira à noite.

Ernandes Carneiro, de 25 anos, era empregado do fazendeiro. No depoimento à polícia, ele negou ter cometido o assassinato. A polícia, porém, acredita que o crime foi cometido por questões pessoais e que não tem relação com os conflitos agrários do Pará nem com o assassinato de Dorothy.

Fazendeiro foi morto em casa

Na segunda-feira, além de Marques, foi assassinado também o fazendeiro Elon Sérgio Rodrigues Ávila, em Eldorado dos Carajás. Ávila foi morto em casa com um tiro na garganta e outro na cabeça. Sua mulher, Jacira Melo Ávila, levou dois tiros, um dos quais na garganta, e, em estado grave, foi transferida para Araguaína, no Tocantins. O corpo de Elon está sendo velado na casa da família. A polícia também descarta a hipótese de que o crime tenha a ver com a disputa de terra e com a onda de violência no interior do Pará.

No fim da noite a polícia anunciou que o principal suspeito da morte de Elon é um homem conhecido como Raimundinho. Ele já teria cometido outros crimes. O assassinato pode ter sido vingança. A última vez em que Raimundinho havia sido detido pela polícia foi a partir de uma queixa de Elon.

Corpo velado na Câmara

Já Marques, morto em Parauapebas, estava na sede de sua fazenda, localizada na zona rural de Cedere, quando foi assassinado, por volta de 19h30m. O corpo do fazendeiro foi velado na Câmara Municipal de Parauapebas e será levado hoje para Nova União, em Minas, onde será enterrado.