Título: BOLÍVIA QUER RECOMPRAR REFINARIAS DA PETROBRAS
Autor: Janaina Figueredo
Fonte: O Globo, 27/01/2006, Economia, p. 23

Reestatizar unidades será um dos primeiros passos de Evo Morales, diz executivo boliviano

BUENOS AIRES, RIO e MADRI. O novo presidente da companhia estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), Jorge Alvarado, afirmou ontem que a reestatização de duas refinarias controladas pela Petrobras na Bolívia será um dos primeiros passos do governo de Evo Morales. O presidente boliviano antecipou sua intenção de recomprar as refinarias, localizadas nas cidades de Cochabamba e Santa Cruz de la Sierra, durante a campanha eleitoral. Ele conversou sobre o assunto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na visita que fez ao Brasil antes das eleições de dezembro na Bolívia.

A Petrobras não quis comentar as notícias. A empresa diz que as negociações estão em fase inicial e não há reuniões agendadas. Segundo fontes da Petrobras, a companhia sempre viu de forma positiva uma possível participação do governo boliviano em seus projetos, mas nunca se cogitou reestatização.

Alvarado também defendeu o aumento do preço do gás vendido ao Brasil e à Argentina:

¿ Queremos preços justos.

Assessores de Morales alegaram que a Bolívia não pode continuar exportando gás para a Argentina a ¿preço solidário¿. O preço subiria, afirmaram fontes bolivianas, de US$2 por BTU (Unidade Térmica Britânica, usada para medir o volume de gás) para US$3,25. Nos mercados internacionais, o preço hoje é de US$9. O reajuste que será aplicado ao Brasil ainda está em estudo.

As refinarias operadas pela Petrobras foram compradas em 1999 por US$100 milhões e estão avaliadas em US$150 milhões. Segundo fontes do governo brasileiro, chegaram a gerar prejuízo de US$50 milhões para a Petrobras.

Repsol vai congelar investimentos na Bolívia

Na Espanha, a Repsol anunciou que vai congelar US$476 milhões em investimentos na Bolívia por causa das novas leis para o setor de petróleo. O valor é a metade do investimento previsto pela empresa no país andino até 2009. A Repsol também anunciou uma queda de 25% em suas reservas de petróleo e gás na Argentina. Analistas consideram a situação preocupante.

¿ Que a principal empresa que opera no país reduza ainda mais suas reservas e faça o mesmo na Bolívia é uma situação que confirma nossos piores prognósticos ¿ disse o ex-secretário de Energia da Argentina Jorge Lapeña.

COLABOROU Ramona Ordoñez, com agências internacionais