Título: IMPRUDÊNCIA É CAUSA DE MAIORIA DE ACIDENTES
Autor: Claudia Lamego e Maiá Menezes
Fonte: O Globo, 29/01/2006, O País, p. 13

Desde 2003, número de infratores em estradas é crescente

Grávida de nove meses, a médica Brendaly Maria de Alencar Farias, de 31 anos, conhece de perto a estatística alarmante do Piauí: ela perdeu dois parentes em acidentes de trânsito em Teresina. Em dezembro do ano passado, a imprudência de um motorista de caminhão provocou a morte de seu marido, Paulo Robert Amorim da Silva, de 33 anos, que era ciclista e foi atropelado na BR-316, onde praticava o esporte. Em 2003, sua avó morreu num acidente provocado pelo seu pai, que avançou o sinal num cruzamento e colidiu com outro veículo.

¿ O motorista do caminhão fez uma manobra arriscada e obrigou o motorista de um ônibus que vinha atrás a desviar. O ônibus atropelou meu marido, que vinha pelo acostamento, na direção contrária.

Para Brendaly, a imprudência e a falta de punição dos motoristas são as maiores causas dos acidentes.

¿ A pista onde aconteceu o acidente nem é tão ruim, mas o motorista foi imprudente.

Estatística da Polícia Rodoviária Federal mostra que, de janeiro a junho de 2005, as principais causas dos acidentes registrados nas estradas federais são a falta de atenção dos motoristas, seguida da alta velocidade. Para o inspetor-chefe da divisão de fiscalização de trânsito da Polícia Rodoviária Federal, Alvarez Simões, o grande desafio do Código Brasileiro de Trânsito é educar os motoristas.

¿ Com a rodovia ruim, o motorista fica mais prudente. O problema é que a maioria das prefeituras não fiscaliza bem o trânsito na cidade e os motoristas não respeitam as regras quando estão nas rodovias.

Notificações a motoristas aumentam desde 2003

Dados da PRF mostram que só a partir do segundo ano de vigência da lei o número de notificações de infratores começou a cair. Desde 2003, esse número passou a ser crescente. Em 2005, ele chegou a 1,48 milhão.

¿ O Código tem frustrado a população e os especialistas porque não se tornou uma ferramenta contra a impunidade e a violência no trânsito ¿ afirmou a coordenadora da pesquisa, Marilita Braga, do programa de Engenharia de Transportes da Coppe.