Título: BOA FERRAMENTA
Autor: JOSÉ DE ALENCAR
Fonte: O Globo, 30/01/2006, Opiniao, p. 7

Acrescente necessidade das empresas de aprimorar a atividade principal de seus negócios cria um ambiente favorável à terceirização. Trata-se de um caminho fundamental para a modernização das companhias privadas e públicas do Brasil.

O aumento da competitividade faz das empresas especializadas em terceirizar mão-de-obra uma importante ferramenta. Principalmente em áreas que exigem mão-de-obra qualificada, como empresas de telefonia, por exemplo.

Nas empresas estatais a terceirização também surge como uma opção ao inchaço da máquina pública. O funcionalismo público é necessário, mas cria uma obrigação vitalícia com os funcionários e ainda agrava a situação da previdência. O governo gasta atualmente cerca de R$100 bilhões com o funcionalismo e R$150 bilhões com aposentadoria.

Outro ponto favorável à terceirização no serviço público é a facilidade de contratação de profissionais especializados, uma vez que o concurso público nem sempre se mostra eficaz na seleção desse pessoal.

De acordo com uma pesquisa da A.T. Kearbey¿s, a privatização foi a forma encontrada pelo governo para tornar as então estatais companhias mais competitivas. De acordo com estudo da Deloitte Touche Tohmatsu, a terceirização cresce 30% ao ano no Brasil, principalmente nas áreas de call-center, logística e contabilidade. A estimativa é de que a terceirização movimente US$175 bilhões este ano no mundo, sendo US$5 bilhões na América Latina ¿ com mais de 2 milhões de pessoas empregadas apenas no Brasil.

A Pesquisa Anual de Serviços (PAS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) comprova esses números. Segundo a PAS, o segmento que mais empregou em 2003 foi o de serviços prestados às empresas, responsável por 2,2 milhões de postos de trabalho e que respondeu pela maior parte dos salários gerados pelas atividades investigadas.

O processo de terceirização se profissionalizou. Hoje, dentro da maioria das empresas do país, a terceirização de mão-de-obra segue critérios rigorosos. Depois de algumas experiências mal-sucedidas no passado, essa ferramenta passou a ser utilizada de forma muito mais responsável.

JOSÉ DE ALENCAR é diretor-executivo da Associação das Empresas Prestadoras de Serviços (AEPS).