Título: RIO DE NOVO CASTIGADO PELA ÁGUA
Autor:
Fonte: O Globo, 30/01/2006, Rio, p. 12

Temporal de meia hora deixou ruas alagadas e foi mais intenso que o de sexta-feira

Um temporal de meia hora no fim da tarde de ontem voltou a castigar o Rio, deixando ruas alagadas em diferentes pontos da cidade. A chuva foi mais curta que a da última sexta-feira, porém mais intensa. Segundo o Alerta-Rio, o maior índice pluviométrico em 15 minutos foi de 42,2 milímetros, registrados na estação do Riocentro ¿ na tempestade de três dias atrás, a máxima no mesmo período foi de 31,2 milímetros na Saúde, com a diferença de que choveu forte por duas horas. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê para hoje a possibilidade de mais pancadas de chuva.

O número de mortos em conseqüência do temporal de sexta-feira subiu para 12, podendo chegar a 13. O corpo de Marçal Portela Filho, de 42 anos, foi encontrado no Morro da Grota, na Penha. Ali havia outra vítima não identificada, cuja causa da morte não tinha sido divulgada até a noite pelo Instituto Médico-Legal.

A chuva de ontem começou por volta de 17h e foi mais intensa na Zona Oeste. Bolsões d¿água prejudicaram o tráfego em vários pontos da Avenida Brasil. Na altura de Parada de Lucas, motoristas presos no engarrafamento sofreram assaltos. Em Realengo, moradores cobravam R$5 para empurrar os carros pela pista alagada no sentido Zona Oeste. Na Barra da Tijuca, grandes poças d¿água congestionaram a Avenida Ayrton Senna. Na Zona Norte, uma árvore caiu na Avenida Maracanã, bloqueando a pista, e a Avenida Paulo de Frontin, no Rio Comprido, ficou alagada.

O índice pluviométrico de 42,2 milímetros em 15 minutos é o maior desde a criação do sistema de monitoramento, em 1997. Se a intensidade da chuva persistisse por 45 minutos, o índice chegaria ao recorde de 126,6 milímetros ¿ em uma hora, a maior chuva registrada até hoje foi de 116,2 milímetros, em 2000.

A meteorologista Marlene Leal, do Inmet, explicou por que hoje ainda pode voltar a chover:

¿ A frente fria continua sobre o Rio. A tendência é que ela se enfraqueça apenas terça-feira (amanhã) e siga em direção ao oceano.

Defesa Civil mantém estado de alerta

Segundo o secretário estadual de Saúde, Gilson Cantarino, com a chuva há risco de aumentar o número de casos de dengue. Em nota divulgada ontem, ele pediu ajuda à população para combater os focos do mosquito Aedes aegypti .

A Defesa Civil do município está em alerta para o caso de novas tempestades. Até ontem de manhã, o órgão recebeu 254 chamados, a maior parte nas zonas Oeste e Norte. Já a Defesa Civil estadual registrou 234.

Ontem à tarde, o site do Alerta-Rio indicava risco de deslizamentos ocasionais na cidade, em decorrência das últimas chuvas. A ocupação desordenada das encostas é uma das causas apontadas pela Geo-Rio para o problema. A Auto-Estrada Grajaú-Jacarepaguá, a Avenida Niemeyer, a Rocinha e os morros do Cantagalo, do Vidigal e da Formiga estão entre os lugares onde o risco é maior. Em vários pontos da cidade, obras de contenção de encostas estão sendo realizadas. Na Avenida Menezes Cortes (Grajaú-Jacarepaguá), por exemplo, um muro de arrimo está sendo construído.

Local com maior número de vítimas (seis mortos) em decorrência da chuva de sexta-feira, o Penha Shopping vai reabrir hoje ao meio-dia. O estacionamento subterrâneo continuará fechado. A Comlurb vai ajudar na limpeza do local. Segundo o subprefeito de Grande Irajá e Penha, Marcelo Martins, o município limpa freqüentemente canais e rios da região. O estacionamento foi inundado após o Rio Escorremão transbordar.

Desde sexta-feira, a Comlurb já recolheu 1.350 toneladas de lixo. Dez ruas em Bento Ribeiro continuavam sem água ontem, porque uma tubulação se rompeu durante o temporal. Em São Gonçalo, 32 pessoas se feriram quando um camarote improvisado desabou, durante um ensaio da Independentes do Boaçu. A perícia disse que infiltrações por causa da chuva podem ter comprometido a estrutura do camarote.