Título: PIBB BATE RECORDE DE COTAÇÃO E CRESCE A PROCURA DOS INVESTIDORES
Autor: Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 30/01/2006, Economia, p. 20

Ainda é possível aplicar, mas sem garantia de recompra de cotas pelo BNDES

A forte valorização do mercado de ações levou o PIBB (Papéis de Índice Brasil Bovespa, lançado pelo BNDES) a um recorde de preços. Na última quinta-feira, a cota do PIBB negociada na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) atingiu R$56,10, maior valor desde que a aplicação foi lançada, em julho de 2004. Desde o lançamento até o dia 25 de janeiro, a aplicação acumula ganhos de 108,57%. Para quem perdeu a oportunidade de investir ainda há alternativas: comprar as cotas negociadas na Bolsa ou aplicar em um dos fundos de investimento que reproduzem a carteira do PIBB.

No entanto, após tamanha valorização, analistas se mostram cautelosos em relação à aplicação. Para alguns, pode ser hora de colocar no bolso parte dos ganhos obtidos.

Três meses após o lançamento da segunda edição do PIBB ¿ chamada de PIBB 2 no mercado ¿ a disposição dos investidores se mantém em alta. As cotas, que há um mês movimentavam cerca de R$2 milhões diários na Bovespa, nos últimos 20 dias negociaram em torno de R$6,5 milhões por dia, segundo dados da Questus Asset Management.

Nos fundos a procura também foi grande. Levantamento do site Fortuna mostra que apenas nos primeiros 25 dias do ano o Caixa Ações PIBB sem Opção captou R$13 milhões, cerca de 60% do patrimônio do fundo em dezembro (R$22 milhões). O mesmo ocorreu com o BB PIBB 2005 sem Opção, do Banco do Brasil: o fundo atraiu em janeiro (até o dia 25) R$12 milhões, o equivalente a 65% do patrimônio de um mês atrás.

Quem investe agora não tem mais a garantia de recompra

Ao contrário de quem aplicou na segunda edição do PIBB ¿ lançada em outubro do ano passado ¿ esses investidores não têm a garantia do BNDES de recompra das cotas em caso de desvalorização da Bolsa, lembra Gustavo Alcantara, gestor da Mercatto.

¿ São investidores que, embora não tenham mais a garantia de recompra, acreditam no potencial de valorização do PIBB, que além de ter uma carteira de ações diversificada aplica em alguns dos melhores papéis da Bolsa ¿ avalia Alan Gandelman, diretor da corretora Ágora Senior.

¿ Há no mercado poucas companhias com capacidade de gerar lucros tão altos como Petrobras, Vale do Rio Doce e os bancos, em que estão concentradas as aplicações do PIBB. Além disso, esses foram os papéis que mais subiram nos últimos meses, o que explica os elevados ganhos da aplicação. Acredito que o PIBB continuará a ter um desempenho superior ao da Bolsa em geral ¿ diz Alcantara.

Cálculos de Sauro Sola, sócio da Questus Asset Management, mostram que a Petrobras, que representa quase 25% da carteira do PIBB, foi a grande responsável pelos ganhos da aplicação ¿ suas ações subiram cerca de 45% nos últimos três meses:

¿ Apesar da alta, continuo otimista em relação ao desempenho do PIBB este ano.

A segunda edição tem se mostrado mais vantajosa do que a primeira: o PIBB 2 rendeu 28,5% nos primeiros três meses, enquanto o primeiro trimestre do PIBB 1 se encerrou com ganhos de 14,46%.

Marcelo D¿Agosto, sócio do site Fortuna, lembra que a aplicação, apesar do bom desempenho, tem riscos, como qualquer investimento em ações:

¿ O PIBB caiu 21% entre março e maio de 2005. Por isso, diante da forte alta recente e da perspectiva de correção de preços, talvez fosse melhor que o investidor garantisse parte do lucro resgatando uma parcela da aplicação.

O empresário Carlos Eduardo Quintanilha, que aplicou nas duas edições do PIBB, não está preocupado:

¿ O investimento me deu um retorno excelente. Sei que diante da alta forte podem ocorrer perdas. Mas não estou preocupado: minha expectativa de retorno é a longo prazo.