Título: Alta de combustíveis e mensalidade escolar faz IGP-M subir para 0,92%
Autor: Mariza Louven
Fonte: O Globo, 31/01/2006, Economia, p. 20

Taxa é a maior desde agosto de 2004. Para FGV, não há escalada da inflação

Depois de fechar o ano de 2005 em apenas 1,21%, a menor taxa desde que foi criado, em 1989, o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) de janeiro chegou a 0,92%, a maior alta desde agosto de 2004. Segundo o coordenador de Análises de Preços da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros, o salto frente à deflação de 0,01% de dezembro põe fim aos índices negativos de 2005, mas não representa uma escalada da inflação, que deve se manter no patamar de 5% no ano.

¿ Não vivemos num país de inflação zero. A inflação brasileira é da ordem de 5% ao ano. Por isso, aos poucos, os preços estão voltando a ter pequenas taxas positivas ¿ resumiu Quadros.

Os aumentos dos combustíveis foram os responsáveis por cerca de 30% da elevação do IGP-M, que foi pressionado principalmente pelo Índice de Preços por Atacado (IPA) ¿ saiu de -0,27 em dezembro para 1,10% este mês. Os reajustes sazonais das mensalidades escolares, de 3,43%, puxaram o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) para 0,70%.

Em meio à entressafra do produto e com os maiores preços no mercado internacional desde o início dos anos 80, os preços da cana-de-açúcar e de seus derivados dispararam. No atacado, o açúcar cristal, por exemplo, saiu de -0,71% em dezembro para 18,62% em janeiro. Apesar do acordo do governo com usineiros para segurar os preços do álcool hidratado, o produto subiu 7,24% no atacado e 8,85% no varejo, influenciando ainda a gasolina, que tem peso elevado no IPC e subiu 1,39%.

A FGV também identificou recomposição de margens em segmentos como o de higiene e limpeza: os desodorantes, por exemplo, subiram 0,66% no atacado e 1% no varejo; e o sabonete, 2,60% e 0,43%, respectivamente.

As commodities agrícolas como a soja (com alta de 5%) e o café em grão (de 10,02%) também pesaram no atacado, mas podem não voltar a subir tanto. Houve aceleração, ainda, dos alimentos processados ¿ como o óleo de milho (2,08%) e óleo de soja (1,93%). Entretanto, no geral, os preços da comida recuaram (de 1,06% para 0,99%), no IPC, devido principalmente às carnes bovinas, que caíram 1,56% e ao frango, -2,07%.