Título: MINISTÉRIO DO TRABALHO VAI EXIGIR QUE CAIXA EXPLIQUE PROBLEMAS NO FGTS
Autor: Geralda Doca
Fonte: O Globo, 31/01/2006, Economia, p. 20

Órgão já vinha monitorando falhas no sistema eletrônico de pagamento

BRASÍLIA. O Ministério do Trabalho vai cobrar explicações da Caixa Econômica Federal sobre os problemas de empresas e trabalhadores com o programa Conectividade Social ¿ canal eletrônico pelo qual os empregadores administram as contas do FGTS de seus funcionários ¿ conforme revelou ontem O GLOBO. O secretário-executivo do Conselho Curador do Fundo, Paulo Furtado, pediu ontem mesmo uma manifestação pública da Caixa e vai levar o assunto à primeira reunião do ano do grupo técnico do FGTS, na próxima terça-feira. O presidente da Caixa, Jorge Mattoso, também pode ser chamado para dar explicações.

Milhares de trabalhadores demitidos em todo o país estão com dificuldades para retirar os recursos do FGTS porque a Caixa condiciona os saques ao fornecimento de um código de identificação (chave criptografada). O problema é que esse número é fornecido pelas empresas, que não conseguem entrar no banco de dados da Caixa, que é lento e freqüentemente trava ou sai do ar.

¿ Enquanto existir um trabalhador mal atendido, o Conselho Curador não pode ficar satisfeito ¿ disse Furtado.

Em nota divulgada ontem, a Caixa classificou os casos de isolados por representarem apenas 0,1% do total de pagamento do FGTS via meio eletrônico. Mas o problema atinge 2.800 trabalhadores só das redes Riachuelo e Carrefour.

Há reclamações contra Caixa em 27 DRTs de todo o país

Demitido em 29 de dezembro pela Riachuelo, Flávio Galante está entre aqueles com dificuldade para sacar o Fundo:

¿ Quero receber logo. Não posso ficar parado e tenho compromissos a pagar.

Furtado disse ainda que o ministério já vinha monitorando as falhas no sistema da Caixa. Agora quer saber a dimensão exata do problema, se as empresas tiveram prazo de adaptação e se o banco tem base legal para vincular o saque ao fornecimento do código.

Embora a Caixa negue haver irregularidades, a coordenadora-geral de Relações do Trabalho do ministério, Isabeli Jacob Morgado, disse que há queixas nas 27 Delegacias Regionais do Trabalho (DRTs) do país, ou seja, em todos os estados.

Auditores fiscais da DRT de Minas Gerais se reuniram com a Caixa em dezembro e disseram que, em alguns casos, os trabalhadores são obrigados a renunciar aos direitos rescisórios. Os representantes das DRTs vão se reunir hoje com o ministro do Trabalho, Luiz Marinho.

O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), João Felício, se disse indignado com as denúncias:

¿ O dinheiro é do trabalhador e ele deveria ter facilidade no acesso aos dados.