Título: CPI APELA A PROMOTORES EM NOVA YORK
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Fonte: O Globo, 01/02/2006, O País, p. 4

Deputados pedirão acesso a dados de Duda com base no Ato Patriótico

NOVA YORK. A CPI dos Correios vai apresentar hoje um ofício ao Departamento do Tesouro dos Estados Unidos pedindo informações sobre as contas do publicitário Duda Mendonça no exterior. Usará como argumento que são informações fundamentais para investigar a corrupção no governo brasileiro, o que é previsto no Ato Patriótico, duríssima lei americana aprovada depois do 11 de Setembro para combater o terrorismo internacional.

A informação foi dada pelo deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), que junto com os deputados Osmar Serraglio (PMDB-PR) e Maurício Rands (PT-PE), chegou ontem a Nova York para tentar conseguir acesso à conta de Duda no Bank of Boston das Ilhas Cayman, onde o publicitário contou que foram depositados R$10,5 milhões pagos a ele pelo PT.

¿ Até agora, o governo brasileiro não usou os melhores instrumentos para esta investigação, porque nunca quis tipificar como investigação de corrupção política ¿ disse Paes.

Ontem, os deputados se reuniram com o chefe da Promotoria Distrital do Condado de Nova York, Robert Morguental, e outros quatro promotores pedindo autorização para ter acesso aos dados da conta Dusseldorf já enviados à Brasília e que estão com a Polícia Federal e ao Ministério Público. Por medo de vazamento de informações sigilosas, a Promotoria de Nova York vem se recusando a atender os deputados.

¿ São informações fundamentais para responsabilizarmos os culpados ¿ afirmou Serraglio.

Os promotores pediram alguns dias para decidir se encaminham o pedido à Corte de Justiça de Nova York, mas recusaram-se a informar se encontraram mais de uma conta de Duda no exterior. Os deputados saíram otimistas: acham que até quinta-feira terão uma resposta positiva.

Segundo Paes, a CPI poderá assinar um termo de compromisso com os promotores para evitar o vazamento das informações sigilosas. Hoje, a CPI viaja para Washington, onde terá encontro com o chefe do FinCen, o serviço do Departamento do Tesouro responsável pelo combate à lavagem de dinheiro.