Título: REAL MUDA PARA DIMINUIR FALSIFICAÇÃO
Autor: Patricia Duarte
Fonte: O Globo, 01/02/2006, Economia, p. 21

Investimento de R$180 milhões ainda depende de aval da Fazenda

BRASÍLIA. O Banco Central (BC) e a Casa da Moeda preparam, há cerca de um ano e meio, projeto que cria nova família de cédulas de real, a fim de substituir as atuais, que estão em circulação há 12 anos. A idéia é aumentar a segurança e combater a falsificação de notas no país. Uma das medidas é a utilização de uma tinta que faz com que a cor da nota mude de acordo com a posição em que ela está. Além disso, os tamanhos das cédulas vão variar de acordo com o valor da nota. Para levar adiante essas mudança, serão investidos cerca de R$180 milhões para a compra de novas máquinas para a Casa da Moeda, mas a iniciativa ainda depende de aprovação do Ministério da Fazenda e do Tesouro Nacional.

¿ O último investimento pesado (na Casa da Moeda) foi feito na década de 80. De lá para cá, novas tecnologias surgiram e ficamos para trás ¿ disse o presidente da Casa da Moeda, José dos Santos Barbosa, que participou de audiência pública na Comissão de Acompanhamento Econômico (CAE) do Senado sobre falsificação de dinheiro no país.

Pesquisa encomendada pelo banco e divulgada mês passado pelo GLOBO mostrou que um em cada três brasileiros já recebeu uma nota falsa de real. O percentual sobe para 74% no setor de comércio.

Saem onça pintada e arara e voltam personagens históricos

Sobre as novas notas, Barbosa adiantou que tudo indica que pessoas voltarão a ser homenageadas nas cédulas, no lugar dos animais (como a onça-pintada, a garça e a arara) que aparecem hoje. O curioso é que essa idéia ganha força por causa da inflação sob controle, o que anima as famílias dos homenageados a liberarem mais facilmente a imagem para a nota, que tende a ter muito mais tempo de uso.

Barbosa não especificou quais seriam os homenageados, mas estão em estudo nomes de grandes artistas nacionais e suas obras. Também não está descartada a possibilidade de uso de personalidades históricas, como o ex-presidente Juscelino Kubitschek.

Os valores atuais das cédulas (R$1, R$2, R$5, R$10, R$20, R$50 e R$100) deverão ser mantidos, mas existe a possibilidade de ser criada uma com valor mais alto, como de R$200. O material para a fabricação das notas deve ser o papel, não resgatando o uso de polímeros, como ocorreu entre 2000 e 2001, quando notas de plástico de R$10 chegaram ao mercado.