Título: PROTESTO CONTRA DINAMARCA EM GAZA
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Fonte: O Globo, 01/02/2006, O Mundo, p. 28

Países árabes pressionam Copenhague a punir publicação de caricatura de Maomé

CIDADE DE GAZA. Milhares de palestinos protestaram ontem, pelo segundo dia consecutivo, contra a Dinamarca, após a publicação de caricaturas de Maomé. A revolta se espalhou por países da região, e ministros árabes pediram que o governo dinamarquês puna o jornal que as publicou.

Os manifestantes palestinos queimaram bandeiras dinamarquesas, enquanto gritavam ¿Guerra à Dinamarca, morte à Dinamarca¿. Eles querem que o mundo árabe faça um boicote a produtos do país até que haja um pedido oficial de desculpas.

Na Dinamarca, a redação do jornal ¿Jyllands-Posten¿ foi evacuada depois de uma ameaça de bomba. Os funcionários voltaram após o prédio ser revistado e nada ser encontrado. O jornal pediu desculpas na segunda-feira, mas isso não foi o bastante para os manifestantes.

¿ Ficamos muito revoltados com os contínuos ataques ao Islã e ao profeta do Islã. Pedimos que o governo dinamarquês faça um pedido de desculpas claro e público por este crime ofensivo ¿ disse Nafez Azzam, líder da Jihad Islâmica, à multidão, na Cidade de Gaza.

Os manifestantes dispararam para o ar e queimaram fotos do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e do primeiro-ministro dinamarquês, Anders Fogh Rasmussen.

Reunidos em Túnis, ministros do Interior de países árabes pressionaram o governo da Dinamarca: ¿Pedimos às autoridades dinamarquesas que adotem as medidas necessárias para punir os responsáveis por esta ofensa e evitar que se repita¿, disseram num comunicado.

A Arábia Saudita chamou seu embaixador em Copenhague e a Líbia fechou sua embaixada. O Qatar condenou as charges, assim como o Iraque. Tropas dinamarquesas no sul do Iraque elevaram seu estado de alerta.

O premier dinamarquês, no entanto, disse que o governo não poderia se desculpar pela mídia, que é independente. Líderes muçulmanos no país se deram por satisfeitos com o pedido de desculpas do jornal e pediram para que a idéia de boicote seja esquecida.