Título: CHILE: NOVO MINISTRO É ELOGIADO PELO MERCADO
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Fonte: O Globo, 02/02/2006, Economia, p. 28

Andrés Velasco, professor em Harvard, aos 45 anos assumirá a Fazenda com desafio de manter crescimento de 6%

SANTIAGO. Aos 45 anos, o economista Andrés Velasco será o próximo ministro da Fazenda do Chile, o país economicamente mais estável e bem-sucedido da América Latina. Ex-chefe de gabinete do ministério entre 1990 e 1992, Velasco foi o principal assessor econômico da campanha da presidente eleita Michelle Bachelet, nos inúmeros seminários e encontros com empresários e agentes financeiros.

Velasco foi convidado para o cargo no começo da semana, quando Bachelet apresentou os nomes de seu Ministério, formado por dez homens e dez mulheres. Esse economista adepto dos trajes informais estudou em Yale, Columbia, MIT e Harvard, onde leciona finanças.

O nome do novo ministro ¿ casado com a popular apresentadora de telejornais Consuelo Saavedra ¿ foi bem recebido pelo mercado.

¿ Ele estava dentro do grupo de nomes que o mercado esperava. É alguém bastante conhecido, particularmente fora do país, bastante respeitado e intelectualmente sólido ¿ comentou Alberto Ramos, economista sênior do Goldman Sachs, em Nova York. ¿ Do ponto de vista macroeconômico, a nomeação será muito bem vista.

O maior desafio para o novo ministro chileno será pelo menos manter o desempenho de seu antecessor, Nicolás Eyzaguirre. O atual comandante da economia chilena entrega o país com crescimento anual de 6,3% e finanças engordadas por um período excepcional de alta do cobre, principal produto de exportação do Chile.

Analista: ministro terá de construir respaldo político

Velasco já anunciou um orçamento de US$6 bilhões para gastos sociais. O novo governo deverá manter a regra que estabelece uma meta de superávit fiscal de 1% como média anual, no período de mandato de cinco anos. O economista também já garantiu que vai manter a gestão da política monetária nas mãos do Banco Central chileno, que é independente. O recado é claro: não haverá intervenção do governo no mercado cambial. A desvalorização da moeda americana preocupa os exportadores chilenos, que pedem intervenção cambial.

¿ É importante que o Chile tenha um câmbio competitivo. E esse é o trabalho do BC ¿ disse Velasco.

Apesar de bem recebido no front econômico, o novo ministro pode enfrentar obstáculos políticos. Em sua coluna no jornal local ¿La Tercera¿, o cientista político Patricio Navia alertou que um grande desafio para Velasco ¿ que não é filiado a qualquer partido ¿ será ¿construir respaldo político suficiente para não ser alvo de descontentamento dentro da coalizão governista¿.