Título: AUTONOMIA: HÁ 35 ANOS, O MESMO REFRÃO
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Fonte: O Globo, 02/02/2006, O Mundo, p. 34

Outros presidentes americanos prometeram reduzir a dependência de petróleo importado

WASHINGTON. Quando o presidente Bush prometeu terça-feira à noite reduzir drasticamente a dependência americana do petróleo do Oriente Médio, passou a fazer companhia a vários de seus antecessores. Em 1971, Richard Nixon prometeu tornar os EUA auto-suficientes em energia até 1980. Em 1979, Jimmy Carter prometeu que o país ¿jamais usaria mais petróleo estrangeiro do que em 1977¿. E o próprio Bush defendeu uma redução da dependência de petróleo estrangeiro em seus quatro discursos sobre o Estado da União anteriores.

Apesar de todas essas promessas nos últimos 35 anos, a dependência americana de importações de petróleo nunca foi tão grande.

Na maior parte de seu governo, Bush deu prioridade máxima ao aumento da produção de petróleo e gás. Apoiou incentivos fiscais à extração de petróleo e gás, uma produção agressiva no Golfo do México e a abertura à perfuração do Refúgio de Vida Selvagem Nacional do Ártico.

Mas em seu discurso de terça-feira o presidente disse que os EUA devem ¿se mover para além de uma economia baseada em petróleo¿. As estratégias que enumerou já estão sendo empreendidas. Na verdade, ele observou que desde que chegou ao poder o governo já gastou ¿quase US$10 bilhões para desenvolver fontes de energia alternativa mais limpas, mais baratas e mais confiáveis¿.

Álcool combustível surge como alternativa energética

Entre os esforços enumerados por Bush estão baterias melhores para carros híbridos e elétricos; carros movidos a hidrogênio, etanol e resíduos de madeira e agricultura; tecnologia solar e eólica; e ¿energia nuclear limpa e segura¿.

De acordo com dados oficiais, nos primeiros 11 meses de 2005 os EUA consumiram 20,6 milhões de barris de petróleo por dia e importaram 60% do total. Cerca de 17% vieram do Golfo Pérsico. Analistas disseram que o foco de Bush no petróleo do Oriente Médio mascarou um problema mais básico: a dependência dos EUA do petróleo de uma maneira geral.

¿ Não importa se compramos petróleo do Oriente Médio. Se os EUA não comprarem, alguém comprará, apoiando os mesmos regimes ¿ disse Gal Luft, diretor do Instituto para Análise de Segurança Global.

Embora Bush tenha considerado o etanol (álcool combustível) como substituto da gasolina, não mencionou a idéia de reduzir as barreiras de importação de modo que países como o Brasil possam suprir os EUA. Ele deu destaque ao etanol feito nos EUA.