Título: VIDIGAL ASSUME LINHA DE DEFESA
Autor: Alan Gripp
Fonte: O Globo, 03/02/2006, O País, p. 3

Para presidente do STJ, interpelação a Jobim é panfleto descabido

BRASÍLIA. Depois de se reunir no Palácio do Planalto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Edson Vidigal, saiu em defesa do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim, que foi interpelado judicialmente para declarar se é ou não pré-candidato a cargo público nas eleições de outubro. Vidigal, que também já manifestou o desejo de se candidatar ao governo do Maranhão, afirmou que disputar a eleição é uma decisão pessoal e que Jobim tem o direito de concorrer. Para Vidigal, a interpelação é uma tentativa de conquistar espaço na mídia.

Jobim também se encontrou ontem pela manhã com o presidente Lula. Oficialmente, os dois conversaram apenas sobre critérios para a substituição do ministro Carlos Velloso, que se aposentou. A versão divulgada tanto pela presidência como pelo STF foi de que Lula quis saber a opinião de Jobim sobre o perfil do novo ministro do STF. Nos bastidores, Lula vem trabalhando em torno de uma lista, que inicialmente tinha juristas e políticos. Mas, agora, segundo integrantes do governo, Lula está propenso a escolher um perfil técnico para a vaga. Alguns acreditam que o presidente poderá optar por uma mulher.

Na última quarta-feira, um grupo de 36 personalidades interpelou judicialmente Jobim para que ele declare se é o não pré-candidato. Caso o ministro confirme a disposição de concorrer, o grupo pede que ele renuncie para evitar um processo por crime de responsabilidade. Segundo Vidigal, não há na movimentação de Jobim caracterização de crime de responsabilidade.

¿ Essa interpelação é um panfleto para quem quer uma mídia. Como interpelar alguém sobre uma questão de foro íntimo? Não tem pé nem cabeça ¿ disse.

Vidigal afirmou que Jobim não pode impedir que outros falem de seu nome para disputar a Presidência ou a Vice-Presidência da República ou uma vaga de deputado federal.

¿ Essa é uma questão de foro íntimo. Ele é um cidadão brasileiro no gozo de seus direitos. Cada um tem direito a postular ou disputar cargo público ¿ disse Vidigal.

O ministro afirmou que a especulação em torno de Jobim não contamina os julgamentos no STF:

¿ Ele não está filiado. Todos nós temos atividade política, o que não pode é atividade político-partidária.