Título: SÓCIO DA GUARANHUNS SE CALA EM CPI
Autor: José Meirelles Passos
Fonte: O Globo, 03/02/2006, O País, p. 5

ACM Neto acusa José Carlos Batista de lucrar com perdas dos fundos

BRASÍLIA. Embora tenha sido apontado pela CPI dos Correios como o destinatário de aproximadamente R$6 milhões das contas do empresário Marcos Valério, José Carlos Batista, sócio da empresa Guaranhuns Empreendimentos, evitou ontem boa parte das perguntas feitas pelo sub-relator responsável pela investigação dos fundos de pensão, Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA). A reunião foi suspensa por alguns minutos para que os parlamentares avaliassem a legalidade de Batista ficar em silêncio. Os advogados dele alegaram que ele tinha direito de não responder. Ao final do depoimento, Neto acusou Batista de ter lucrado nas mesmas operações nas quais fundos de pensão perderam.

¿ Ele ganhou milhões operando com corretoras, como a Laeta e São Paulo, que aparecem em operações que ocasionaram perdas significativas para os fundos ¿ afirmou o deputado.

Batista tem 0,1% das ações da Guaranhuns, que pertence à Esfort Trading, empresa que tem sede no Uruguai. Ele foi indiciado em agosto pela Polícia Federal sob acusação de lavagem de dinheiro, sonegação de impostos e prática de crime contra o sistema financeiro.

Antes do depoimento, a CPI aprovou dez requerimentos de transferência dos sigilos bancário e fiscal de empresas ligadas às investigações da sub-relatoria de contratos. Também aprovou a abertura dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de outras sete pessoas ligadas à Skymaster, como o advogado Marcus Valérius Pinto de Macedo. Valérius foi preso por desacato quando prestou depoimento na CPI. A Skymaster é acusada de superfaturar contratos com os Correios e de enviar recursos ilegalmente para o exterior.

Foram aprovados ainda 60 requerimentos que incluem a solicitação de documentos e registros das audiências e reuniões ocorridas no Palácio do Planalto com representantes do BMG e com Marcos Valério.