Título: FALTA DE VERBA AGRAVA EFEITOS DA SECA
Autor: Evandro Éboli
Fonte: O Globo, 03/02/2006, O País, p. 9

Ministério da Integração suspendeu o repasse de recursos para o Ceará

FORTALEZA e RECIFE. Apesar das despensas lotadas de comida, falta merenda para os alunos de escolas de Irapuan Pinheiro, a 350 quilômetros de Fortaleza. O problema é a falta de água para cozinhar. O prefeito, Luiz Claudenilton Pinheiro (PSDB), vai decretar hoje estado de calamidade pública porque já falta água até na sede da prefeitura. Por causa da seca, 142 municípios cearenses decretaram estado de emergência.

A situação se agravou desde o último dia 30, quando o Exército suspendeu a operação carros-pipa, que chegou a abastecer 500 mil habitantes de 126 municípios. O dinheiro para a operação vinha do Ministério da Integração Nacional e o último repasse foi feito em dezembro. Seriam necessários cerca de R$2 milhões por mês para atender os 126 municípios que tiveram o estado de emergência reconhecido pelo governo cearense. Com as freqüentes reduções de verba, apenas 69 vinham sendo beneficiados.

Já decretaram estado de calamidade os municípios de Catarina e Itapajé. Prefeituras como Madalena, Araripe, Penaforte, Amontada, Iracema e Carnaubal anunciam o decreto para breve. Os prefeitos dizem que não têm condições de arcar com as despesas do abastecimento.

Em Pernambuco, 27 cidades já em estado de emergência

O Ministério alega que, apesar de ter dinheiro, não pode fazer repasses porque o Congresso Nacional ainda não votou o Orçamento de 2006.

Em Pernambuco, as perdas agrícolas provocadas pela seca já atingem 80% em algumas regiões do semi-árido. No estado, prefeitos de 56 municípios decretaram estado de emergência devido à seca que começa a assolar o agreste e o sertão, sendo que 27 já tiveram a emergência homologada pelo governo do estado. Agora, esperam ajuda do governo federal.

¿ Não chove, as barragens estão secando e a água que sobra é barrenta. A pastagem está zerada, os plantios se perderam e o que o povo come é dos programas oficiais do governo ¿ disse ontem o presidente da Federação dos Trabalhadores de Agricultura de Pernambuco (Fetape), Aristides Santos.