Título: JAPÃO QUER FINANCIAR INFRA-ESTRUTURA DE TV DIGITAL
Autor: Monica Tavares
Fonte: O Globo, 03/02/2006, Economia, p. 25

Oferta inicial é estendida e japoneses oferecem ao Brasil crédito para fabricação e compra de equipamentos

BRASÍLIA. O Japão ampliou ontem a lista de contrapartidas oferecidas ao governo brasileiro para que o país escolha o padrão japonês de TV digital ¿ chamado ISDB ¿ como modelo tecnológico. Os japoneses se dispuseram a custear toda a demanda de investimentos para a implantação do seu sistema, o que representa um volume de recursos superior aos 300 milhões de euros inicialmente anunciados, e a extensão da lista de setores atendidos.

Pela nova oferta, seriam contemplados tanto fabricantes de equipamentos (para montagem, modernização ou ampliação de unidades industriais) quanto emissoras de radiodifusão, que poderão obter crédito para a compra de cabos, antenas e câmeras, por exemplo.

Os investimentos serão feitos pelo Banco Japonês para Cooperação Internacional (JBIC, na sigla em inglês), instituição de fomento semelhante ao BNDES. A proposta foi apresentada pelo representante da tecnologia japonesa, Noriyuki Shigeta, e pelo embaixador do Japão no Brasil, Takahiko Hormura. Eles se reuniram ontem com os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil), Hélio Costa (Comunicações), Antonio Palocci (Fazenda) e Desenvolvimento (Luiz Fernando Furlan).

Japoneses dispensam cobrança de `royalties¿

Segundo Costa, entre as contrapartidas oferecidas pelos japoneses estão ainda a incorporação de todas as inovações tecnológicas brasileiras no ISDB; a dispensa de cobrança de royalties; a participação do Brasil no conselho diretor do padrão japonês; e a fabricação do set-up box (conversor para os aparelhos analógicos receberam as imagens transmitidas digitalmente) no país.

Costa disse que já esperava que os japoneses melhorassem o valor de financiamento, uma vez que os europeus haviam proposto destinar investimentos de 400 milhões de euros.

Está marcada para a próxima terça-feira a reunião do governo com os representantes do padrão americano (ATSC), encerrando o ciclo de consultas. O governo trabalha para que a decisão sobre o modelo a ser implantado no Brasil saia até 10 de fevereiro.

Até 2005, o Japão tinha cem milhões de televisores analógicos. Em dois anos, foram vendidos 8,5 milhões de aparelhos digitais. Costa informou que a transição do padrão analógico para o digital está sendo mais rápida do que a mudança da TV em preto-e-branco para a colorida.

O Brasil tem 60 milhões de televisores. Para Shigeta, o país é um mercado importante e os japoneses, por isso, têm grandes expectativas:

¿ O modelo a ser adotado no Brasil será o da América Latina ¿ avaliou.

O modelo japonês, segundo Shigeta, permite a mobilidade (TV em carros e ônibus, por exemplo) e a portabilidade (em aparelhos como os celulares), além da imagem de alta definição. Ele lembrou também que o padrão usa a mesma faixa de freqüência do Brasil, 6 megahertz, pela qual são feitas as transmissões de televisão.