Título: CHÁVEZ EXPULSA ADIDO AMERICANO
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Fonte: O Globo, 03/02/2006, O Mundo, p. 28

Presidente venezuelano acusa militar de espionagem. Washington nega

CARACAS. Abalando ainda mais suas difíceis relações com os EUA, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, expulsou ontem do país um adido militar da embaixada americana em Caracas, acusando-o de espionagem: ele teria tentado convencer autoridades venezuelanas a entregar-lhe segredos de Estado.

¿ Decidimos declarar persona non grata, ou como dizemos aqui, expulsar do país, um oficial militar na missão dos EUA devido a espionagem. Declaramos persona non grata o capitão-de-fragata da Marinha dos EUA John Correa, que deve deixar o país imediatamente ¿ afirmou Chávez durante uma cerimônia em que celebrava seus sete anos no poder.

Em Washington, autoridades americanas negaram imediatamente a espionagem.

¿ Vamos responder pelos canais diplomáticos. Nenhum dos adidos americanos esteve ou está envolvido em atividades impróprias ¿ afirmou Kurtis Cooper, porta-voz do Departamento de Estado.

Cooper não disse se ou quando Correa deixou Caracas. Um funcionário do Departamento de Estado que pediu para não ser identificado afirmou que não houve uma resposta imediata e direta de Washington a Caracas sobre a expulsão do adido militar.

Rumsfeld compara o presidente Chávez a Hitler

Janelle Hironimus, também porta-voz do Departamento de Estado americano, disse que Correa ¿mantinha contatos em nível de trabalho¿ com militares venezuelanos, como seu trabalho requer, mas sempre dentro da legalidade. Segundo ela, a embaixada americana em Caracas recebeu esta semana um carta com acusações de espionagem ao adido militar.

Ex-oficial militar que irrita a freqüentemente a Casa Branca com críticas ao presidente George W. Bush e com sua aproximação de países como Cuba e Irã, Chávez advertiu ontem também que poderá expulsar toda a missão militar americana se qualquer um de seus membros for flagrado espionando.

O presidente afirmou ainda ter provas de que pelo menos 20 oficiais de baixa patente da Marinha venezuelana estão envolvidos em espionagem para os EUA e que eles estão sendo julgados num tribunal militar. Chávez pediu para eles pena máxima: 30 anos de prisão.

Em 25 de janeiro, o vice-presidente da Venezuela, José Vicente Rangel, informara que um grupo de militares venezuelanos ¿ a maioria da Marinha ¿ estava sendo investigado por suspeita de passar segredos de Estado para o Pentágono.

Chávez já acusou várias vezes a Casa Branca de tentar derrubar seu governo e tem se promovido como um líder de esquerda na América do Sul, oferecendo seu apoio ao líder cocaleiro Evo Morales, o primeiro indígena eleito ¿ recentemente ¿ presidente da Bolívia.

Em Washington, o secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, não comentou diretamente a expulsão do adido militar, mas disse duras palavras sobre Chávez:

¿ Ele é uma pessoa que foi eleita legalmente, assim como Adolf Hitler foi eleito legalmente e depois consolidou o poder. E agora é claro que está trabalhando intimamente com Fidel Castro, Morales e outros. Isso me preocupa ¿ afirmou Rumsfeld.