Título: NAUFRÁGIO NO EGITO PODE TER MATADO 1.100 PESSOAS
Autor:
Fonte: O Globo, 04/02/2006, O Mundo, p. 28

Governo suspeita que embarcação com 1.400 passageiros a bordo não tinha botes salva-vidas suficientes. Equipes resgatam 185 corpos e 300 sobreviventes

CAIRO. Ao enfrentar fortes ventos e mar agitado, um ferry egípcio com cerca de 1.400 pessoas a bordo naufragou na madrugada de ontem no Mar Vermelho, no litoral do Egito, causando uma das maiores tragédias de navegação no país. Trabalhando dia e noite, equipes de socorro retiraram 185 corpos do oceano e resgataram 300 sobreviventes, mas as chances de encontrar pessoas vivas diminuíam, o que significa que provavelmente cerca de 1.100 morreram.

¿ Não se espera encontrar muitos sobreviventes, porque já se passou muito tempo desde que o navio afundou ¿ disse uma autoridade policial que pediu para não ser identificada.

A TV egípcia Nile informou que o ferry al-Salam Boccaccio 98 foi localizado a 60 metros de profundidade. As causas do naufrágio não foram esclarecidas. O governo egípcio determinou uma investigação urgente, indicando a possibilidade de a embarcação da empresa egípcia el-Salam Maritime Transport Company não dispor de botes salva-vidas em número suficiente e de ter afundado rapidamente.

O al-Salam 98 seguia de Dubá, na Arábia Saudita, para Sáfaga, no Egito, com 104 tripulantes e 1.272 passageiros, 1.158 deles egípcios que trabalhavam na Arábia Saudita ou que voltavam da anual peregrinação a Meca.

Náufragos são encontrados agarrados a destroços

Estavam a bordo ainda 99 sauditas, seis sírios, quatro palestinos, um canadense, um iemenita, um omani, um sudanês e um cidadão dos Emirados Árabes Unidos, além de 22 carros, 16 caminhões e cinco veículos de transporte de mercadorias.

Equipes de socorro enviadas ao local em barcos e helicópteros encontraram sobreviventes em botes salva-vidas e agarrados a destroços, além de corpos boiando no mar. O mau tempo e o mar revolto dificultaram as operações.

¿ O mar está muito alto e o tempo não está bom ¿ disse o ministro dos Transportes egípcio, Mohammed Lutfy Mansour.

O socorro teria chegado ao local uma hora e meia depois do naufrágio, segundo fontes da polícia.

Com 118 metros de comprimento e fabricado na Itália, em 1978, o ferry de bandeira panamenha foi vendido em 1998 à el-Salam Maritime Transport Company. A empresa disse que poderia levar horas para descobrir o que houve com a embarcação, que afundou quando já cumprira mais da metade do trajeto de 200 quilômetros. Disse ainda que o ferry cumpria as regras de segurança e não estava com capacidade máxima de passageiros.