Título: `A candidatura própria é irreversível¿
Autor: Ilimar Franco e Maiá Menezes
Fonte: O Globo, 05/02/2006, O País, p. 3

O governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, diz que a candidatura do PMDB à Presidência da República é irreversível. Para ele, não há força no partido capaz de levar o PMDB ao palanque do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou para o do candidato do PSDB. Aliado do governador Germano Rigotto (RS) nas prévias do PMDB, diz que ele tem um discurso centrado. A contrário de Garotinho, que adotou um estilo populista dissociado da realidade.

O PMDB deve lançar candidatura própria ou fazer uma aliança nas eleições presidenciais?

JARBAS VASCONCELOS: A candidatura própria é irreversível, está consolidada. Não acredito que uma ala, por mais peso que tenha, possa levar o partido a apoiar Lula ou para apoiar Serra ou Alckmin.

Qual seu candidato nas prévias?

JARBAS: O melhor nome para ser o candidato do PMDB é o governador Germano Rigotto. Ele tem um discurso centrado, tem longa militância e tradição no PMDB. Ao contrário de Garotinho, que chegou agora e não tem a credibilidade de Rigotto dentro do partido.

O PMDB abandonou seus candidatos em 1989 e 1994. Desta vez vai ser diferente?

JARBAS: Tem que ser diferente. A primeira missão do Rigotto vai ser esta. Para empolgar o eleitorado e crescer nas pesquisas ele precisa enfrentar o problema do partido. Não há nada pior para uma candidatura que um partido com uma ala oposicionista e uma ala governista. Mas temos tempo para trabalhar isso. O Rigotto tem que ganhar o partido e percorrer o país para mostrar sua história e suas propostas.

Por que, mesmo bem posicionado nas pesquisas, Garotinho enfrenta restrições dos principais líderes do partido?

JARBAS: O fato dele ter uma posição melhor nas pesquisas não é fundamental nem tão importante. Garotinho foi candidato nas eleições presidenciais, teve 15 milhões de votos. Acho que pesa a questão das práticas e dos princípios, que na minha visão são mais salutares em Rigotto. Esta também é a posição da maioria das lideranças do partido. O tempo vai revelar estas práticas. Discordo do estilo de fazer política de Garotinho.

Como o senhor traduz o estilo e a prática de Garotinho?

JARBAS: Sua candidatura é populista. Seu discurso é dissociado da realidade. O país precisa de um presidente que não tenha um discurso populista e não leve a intranqüilidade para a opinião pública. Não estou dizendo que a política econômica atual, deste e do governo anterior, esteja correta. O Brasil não está vivendo mais uma fase de aventuras.