Título: ACORDO ELEITORAL INCLUI ESTADOS E MINISTÉRIO FORTE
Autor: Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 05/02/2006, O País, p. 13

Bornhausen diz que aliança passa pelo apoio a candidatos

BRASÍLIA. A negociação entre PFL e PSDB começa pelo apoio tucano aos candidatos pefelistas com chance real de vitória nos estados. Formalmente, o PFL não admite que já trata do assunto com os tucanos, até porque seria preciso esperar a definição do partido entre o governador Geraldo Alckmin e o prefeito José Serra, de São Paulo. Apesar da cautela, o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), confirma que qualquer acordo passa pelas composições nos estados.

O PFL não abrirá mão do apoio dos tucanos em Pernambuco, onde o vice-governador Mendonça Filho deve concorrer ao governo; na Bahia e em Sergipe, onde os governadores pefelistas disputam a reeleição. A articulação mais delicada deve acontecer na Bahia, onde tucanos e pefelistas nunca se bicaram. A lista do PFL ainda inclui São Paulo, Santa Catarina, Piauí, Amazonas, Distrito Federal, Goiás e Maranhão.

¿ Daremos tratamento prioritário a todos os estados onde temos candidatos aos governos ¿ diz Bornhausen.

Preocupado em garantir uma base parlamentar sólida, no caso de uma eventual vitória sobre o presidente Lula, o PSDB está aberto à negociação.

¿ A aliança com o PFL é imprescindível para nossa vitória ¿ admite o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).

Partido não quer mais ter papel de coadjuvante

É consenso no PFL que num novo governo tucano o partido não poderá repetir a situação do passado e ficar apenas com pastas secundárias, como a do Meio Ambiente, ou que representem fonte de problemas como foram os Ministérios da Previdência e das Minas e Energia. O primeiro é classificado como um cemitério de políticos. Os três últimos pefelistas que passaram por lá naufragaram na vida política: Reinhold Stephanes não conseguiu se reeleger deputado, Waldeck Ornélas sequer disputou nova eleição e Roberto Brant fracassou na tentativa de se eleger prefeito de Belo Horizonte em 2004. Administrar o Ministério das Minas e Energia também não foi fácil em plena crise do apagão.

Outro ponto essencial no PFL para uma aliança com o PSDB é a participação num programa mínimo de governo. Bornhausen lembra que desde o ano passado o partido vem promovendo debates para definir um projeto de crescimento sustentável para o país. O PFL elegeu como bandeiras a redução progressiva da carga tributária e dos gastos no setor público.

A provável adesão ao PSDB, no entanto, divide o PFL. Alguns, como a senadora Roseana Sarney (MA), que em 2002 teve sua candidatura à Presidência alvejada pelos tucanos, defendem que o partido busque uma nome próprio. Mas a avaliação do PFL é a de que em outubro não resta alternativa se não seguir com os tucanos.