Título: SIMPATIA POR ALCKMIN VEM DO GOVERNO COVAS
Autor: Ricardo Galhardo
Fonte: O Globo, 05/02/2006, O País, p. 14

Tucano reduziu taxas e impostos e comandou privatizações em SP

SÃO PAULO. A boa relação do governador Geraldo Alckmin com o empresariado começou quando o governador ainda era vice de Mário Covas e comandou o programa estadual de privatizações.

No governo paulista, Alckmin só fez aumentar o apreço da classe empresarial reduzindo taxas e impostos. Na cerimônia de posse da nova diretoria da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), no ano passado, Alckmin foi efusivamente aplaudido, apesar da presença de Lula no evento. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Vox Populi em outubro mostra que 80% dos empresários preferem o governador de São Paulo.

Além disso, duas palavras caras ao capital pesam a favor do governador: eficiência e gestão. Outro fator positivo é a percepção de que uma vez no Planalto, Alckmin não fará marolas e evitará mudanças bruscas na economia ou rompimento de contratos.

Defesa de mudanças na economia prejudica Serra

Já em relação a Serra a expectativa é inversa. O histórico do prefeito (tanto na prefeitura quanto no Ministério da Saúde) causa certo temor. Ele sempre foi visto como integrante da ala desenvolvimentista do PSDB e vem defendendo publicamente mudanças na política econômica, como redução do superávit primário e das taxas de juros. Além disso, segundo os empresários ouvidos, tem demonstrado dar pouca importância ao cumprimento de contratos.

Os empresários citam como exemplos a renegociação das dívidas deixadas por Marta Suplicy e a tentativa de cancelar a licitação para serviços de limpeza feita pela antecessora.

Um importante banqueiro relata um caso emblemático:

¿ Quando era ministro da Saúde, o Adib Jatene ficou um ano negociando com as emissoras de TV antes de restringir as propagandas de cigarros para o horário entre 22h e 6h. Com isso, as TVs e agências de publicidade tiveram tempo de redistribuir as propagandas e evitar um impacto muito negativo na receita. Já o Serra, com uma canetada, acabou com a propaganda de cigarros em toda a mídia sem ouvir ninguém, causando grandes prejuízos. É o estilo Serra. Ele nunca se sentiu culpado nem constrangido por fazer esse tipo de coisa.

¿Não é à toa que Antônio Ermírio se entusiasmou¿

No próprio PT já existe a percepção de que, com Alckmin na disputa, as chances de atrair o empresariado para a campanha de Lula diminuem.

¿ Em 12 anos no governo, Alckmin ganhou uma grande fatia do empresariado. Não é à toa que o Antônio Ermírio de Morais se entusiasmou tanto com ele ¿ disse o secretário-adjunto de Organização do PT, Francisco Campos.