Título: NO MERCADO DE TRABALHO, SÓ CRESCEM AS VAGAS ATÉ TRÊS SALÁRIOS-MÍNIMOS
Autor: Fabiaba Ribeiro
Fonte: O Globo, 05/02/2006, Economia, p. 30

Emprego, renda e crédito explicam avanço do consumo popular

O avanço do consumo popular encontra respaldo nos indicadores de emprego, renda e crédito da economia. Levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que, em 2005, só houve criação líquida de vagas ¿ ou seja, uma quantia maior de novas vagas do que de fechamento de postos de trabalho ¿ para os empregados formais que ganham até três salários-mínimos (R$900).

Segundo dados do Ministério do Trabalho, de janeiro a novembro de 2005 (última pesquisa disponível), foi criado 1,44 milhão de vagas com carteira assinada para trabalhadores que ganham até três mínimos. Em compensação, nas faixas de renda acima desse patamar, foram fechados 262 mil postos de trabalho.

¿ Quando há mais demissões do que admissões, isso ocorre nas classes de renda mais alta. Quem sai do mercado retorna ganhando menos ¿ afirma Marcelo de Ávila, economista do Ipea.

Em 2004, só perderam renda trabalhadores mais ricos

Segundo ele, isso explica porque, na média, os rendimentos dos trabalhadores não estão se recuperando a um ritmo mais vigoroso. No ano passado, segundo a pesquisa mensal do IBGE em seis regiões metropolitanas, o ganho médio do trabalhador brasileiro cresceu 2%, depois de ter recuado 0,7% em 2004.

Mas dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, de âmbito nacional, mostram que, em 2004, só quem teve perda de renda foram os trabalhadores mais abastados. Nas classes de rendimento médio pessoal até R$747, houve ganhos.

Além da renda e do emprego, também o crédito ajudou no avanço do consumo popular, dizem empresários e especialistas. Segundo dados do Banco Central, em 2005, o volume de crédito na economia cresceu 21,5%. Os empréstimos a pessoas físicas tiveram avanço ainda maior, de 38,3%, chegando a R$188,72 bilhões. No total, o crédito atingiu o patamar recorde de 31% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto das riquezas do país), o maior nível em dez anos. (L.R.)