Título: ISRAEL VOLTA ATRÁS E LIBERA DINHEIRO PARA PALESTINOS
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Fonte: O Globo, 06/02/2006, O Mundo, p. 19

Governo adverte que transferência de imposto será suspensa quando Hamas assumir poder

JERUSALÉM. Israel aceitou ontem enviar US$54 milhões à Autoridade Nacional Palestina, mas avisou que futuras transferências serão suspensas quando o movimento islâmico palestino Hamas assumir o governo. Israel recolhe milhões de dólares em impostos e taxas alfandegárias e os transfere mensalmente para a ANP. O governo de Israel atrasou o último pagamento em protesto contra a vitória do Hamas nas eleições do dia 25 de janeiro. Mas o ministro do Gabinete, Zeev Boim, disse que o dinheiro será transferido porque o Hamas ainda não assumiu.

Ao aprovar o pagamento, Boim advertiu que os repasses serão cortados se o Hamas ¿ que não reconhece o direito de Israel existir, opõe-se ao processo de paz e tem matado centenas de israelenses em ataques suicidas ¿ não resolver mudar seus métodos. Os Estados Unidos e os países da Europa também ameaçaram cortar milhões de dólares em ajuda aos palestinos. Até agora, o Hamas rechaçou os apelos e respondeu às ameaças pedindo mais dinheiro ao mundo árabe e muçulmano.

A decisão de transferir os US$54 milhões foi tomada após uma nova onda de violência. Forças de Israel atacaram ao norte da Faixa de Gaza, matando três guerrilheiros palestinos. Posteriormente, mísseis israelenses atingiram dois automóveis na Cidade de Gaza, matando os dois principais responsáveis pelos foguetes e explosivos lançados contra o território israelense: Adnan Bustan e Jihad al-Sawafiri, da Jihad Islâmica.Na manhã de ontem, um palestino apunhalou passageiros de um ônibus no centro de Israel, matando uma mulher e ferindo outras quatro pessoas.

Hamas quer formar governo de união nacional

Também ontem, o líder do Hamas, Khaled Mechaal, anunciou o desejo de formar um ¿governo de união nacional¿.

¿ O movimento continua as consultas com os outros blocos do Conselho Legislativo (Parlamento) e os movimentos palestinos, porque estamos interessados na formação de um governo de união nacional ¿ disse Mechaal, depois de ter conversado, em Damasco, com o ministro das Relações Exteriores da Síria, Faruk al-Shara.

O líder do Hamas também anunciou que irá ao Egito como parte de uma viagem pelos países árabes a fim de pedir respaldo para a organização.

¿ A nação árabe está do nosso lado e, apesar das pressões externas, temos muita confiança nos árabes e nos muçulmanos ¿ declarou Mechaal.