Título: EX-SECRETÁRIO NEGA FRAUDES NO PRIMEIRO EMPREGO
Autor:
Fonte: O Globo, 07/02/2006, O País, p. 9

Alencar Ferreira diz que ministro sabia de ações contra irregularidades

BRASÍLIA. Exonerado do cargo de secretário-executivo do Ministério do Trabalho após ser acusado de envolvimento em fraudes no programa Primeiro Emprego, Alencar Ferreira negou ontem ter participação no esquema de pagamento de propina para a empresa Cobra Computadores, do Banco do Brasil, descoberto por sindicância interna da pasta. Em nota, Alencar disse que todas as medidas adotadas por ele ao descobrir as irregularidades ¿foram de pleno conhecimento¿ do ministro Luiz Marinho.

¿As ações que desenvolvi acerca do assunto foram de pleno conhecimento do senhor ministro e visaram preservar a idoneidade moral e ética que deve conduzir aqueles que estão no serviço público, assim como defender a boa aplicação dos recursos envolvidos¿, diz a nota.

O ministério exonerou dez funcionários, incluindo Ferreira, pela suspeita de cobrança de propina na troca de informações para o desenvolvimento de um sistema de informática para o Primeiro Emprego. Os funcionários foram afastados em agosto de 2005, mas Alencar só deixou o cargo na semana passada. Ele se demitiu quando as informações sobre a corrupção chegaram a jornalistas.

Cobra diz que desconhece as investigações do ministério

Na nota, Ferreira diz que foi ele quem determinou a abertura da sindicância que detectou a fraude. Ele se disse espantado quando o resultado do relatório da sindicância apontou o seu envolvimento nas irregularidades e deu a entender que isso aconteceu por vingança. O ex-secretário também disse que a contratação da Cobra, sem licitação, foi legal e que o programa de cadastramento dos beneficiários do Primeiro Emprego foi entregue e está funcionando.

¿Recebi o relatório final da comissão de sindicância que, para meu espanto, acusa-me, dentre outros servidores do ministério, de supostamente haver intervindo indevidamente na CGI, com o objetivo de patrocinar favorecimentos a empresa prestadora de serviços de tecnologia. Esse relatório foi motivo de profundas críticas por parte da Corregedoria Interna do ministério por causa de seus vícios formais, como não dar direito de defesa a todos os envolvidos, a começar por mim. Em nenhum momento fui ouvido pela comissão¿, diz ele no texto.

Ferreira pôs seu sigilo fiscal, telefônico e bancário à disposição: ¿Fui o primeiro, constatados indícios de irregularidades, a tomar medidas cabíveis para impedir para impedir sua ocorrência e apurar as responsabilidades¿, escreveu na nota.

Também em nota, a Cobra Tecnologia diz que o programa foi entregue com atraso de três meses, mas está em funcionamento, e que desconhece as investigações do ministério. Afirma que vai aguardar a conclusão delas para se manifestar.