Título: INDÚSTRIA ENCERROU 2005 ESTAGNADA
Autor: Martha Beck
Fonte: O Globo, 07/02/2006, Economia, p. 19

Vendas, produção e emprego no setor tiveram queda no último trimestre

BRASÍLIA. A indústria brasileira fechou o ano de 2005 estagnada, segundo a pesquisa Indicadores Industriais, feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Embora o governo apostasse numa retomada da atividade no último trimestre do ano passado ¿ após a forte retração do terceiro trimestre ¿ o levantamento da CNI mostra que houve queda nas vendas, na produção, no emprego e na capacidade instalada entre outubro e dezembro do ano passado.

¿ A indústria andou de lado nos últimos meses de 2005 ¿ afirmou o coordenador da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.

Segundo a pesquisa, as vendas reais da indústria tiveram redução de 0,4% no último trimestre de 2005 em relação ao anterior. No caso das horas trabalhadas, que refletem a produção, a queda foi de 0,2%, mesmo percentual de redução do emprego industrial. Já a capacidade instalada caiu 0,6 ponto percentual. O único aumento foi nos salários: 1%.

Quando se observa o resultado da indústria acumulado em 2005, os dados são positivos, mas, segundo a CNI, ficaram abaixo do esperado. As vendas, por exemplo, cresceram 2,03% em relação a 2004. Já no período 2003-2004, esse aumento havia sido de 15,11%. O grau de utilização da capacidade instalada, que foi de 81,6% em 2004, fechou 2005 em 79,8%.

¿ O ano de 2005 ficou muito abaixo do esperado ¿ disse Castelo Branco.

Em todo o ano, emprego cresceu 4% e salário, 8%

Mesmo assim, 2005 foi um ano bom para os trabalhadores. Segundo a pesquisa da CNI, o emprego registrou um crescimento de 4,18% sobre 2004 ¿ maior nível já registrado na série histórica da pesquisa, iniciada em 1992. Já o indicador de horas trabalhadas subiu 4,54% e o dos salários líquidos reais, 8,1%.

Castelo Branco explicou que os salários subiram graças à queda da inflação, que aumentou o poder de compra dos empregados. Já os demais indicadores do mercado de trabalho subiram devido aos bons resultados de 2004, que tiveram efeito sobre o início de 2005.

¿ O fato de o emprego ter alcançado o maior nível de crescimento da série histórica da CNI foi efeito de 2004. Tanto que esse indicador registrou queda nos dois últimos trimestres de 2005 ¿ explicou Paulo Mol, economista da CNI.

Para 2006, a CNI está pessimista. A confederação aposta em crescimento de 3,3% do PIB, bem abaixo da projeção de quase 5% com a qual alguns integrantes da equipe econômica trabalham.