Título: Controladoria vai fazer auditoria em Furnas
Autor: Jailton de Carvalho
Fonte: O Globo, 08/02/2006, O País, p. 8

Contratos com empresas mencionadas na suposta lista elaborada por Dimas Toledo serão analisados

BRASÍLIA. Depois das auditorias nos Correios e no Instituto de Resseguros no Brasil (IRB), a Controladoria Geral da União começa, nos próximos dias, uma devassa em contratos de Furnas Centrais Elétricas com empresas citadas numa lista cuja suposta autoria é atribuída a Dimas Toledo, ex-diretor da estatal. A lista, que ainda não tem veracidade comprovada, faria parte de um suposto caixa destinado a políticos de PSDB, PFL e PTB, entre outros partidos.

Doze auditores da CGU vão analisar principalmente os contratos mais vultosos firmados entre Furnas e empreiteiras, agências de publicidade e empresas de consultoria. Para técnicos da Controladoria, estas são as áreas mais suscetíveis a desvio de dinheiro público na estatal.

O nome de boa parte destas empresas consta de uma lista de fornecedores de Furnas em poder da Polícia Federal. No documento estão os nomes de 156 políticos que teriam recebido dinheiro repassado por essas empresas a partir de acertos com dirigentes da estatal.

Equipe especial para auditoria

Dimas Toledo diz que a lista não é verdadeira. A Polícia Federal e o Ministério Público Federal, no Rio de Janeiro, estão investigando a autenticidade do documento e o conteúdo das denúncias.

¿ A auditoria está apenas começando. É um trabalho complexo, que envolve grandes contratos ¿ disse um dos coordenadores da investigação contábil.

Como considera graves as acusações, a Controladoria Geral está montando uma equipe especial de auditores e já solicitou reforços à Petrobras, Eletrobrás, Eletrosul e da Chesf. A idéia é reunir especialistas em contratos relacionados ao setor de energia para facilitar a apuração de eventuais irregularidades.

A PF e a Controladoria Geral também estão investigando se, de fato, a empresa de um dos filhos de Dimas Toledo foi contratada por Furnas sem licitação. A empresa teria sido contratada para preparar um site na internet para a estatal. As linhas gerais da investigação foram traçadas numa reunião reservada entre delegados da PF e auditores da Controladoria Geral.

Investigação teve início em 2005

As investigações começaram ano passado a partir do inquérito sobre o suposto caixa dois do PT para parlamentares da base governista. Pelas denúncias, Furnas estaria entre as estatais usadas para financiar campanhas políticas. O caso, que estava em segundo plano diante do impacto do valerioduto, ganhou relevância a partir de dezembro, quando a PF recebeu a cópia de uma lista com os nomes de políticos supostamente beneficiados por um caixa dois, entre eles alguns parlamentares da CPI dos Correios.

Dimas Toledo negou que tenha elaborado a lista. Mas, pelas análises internas da PF, não há indícios de falsificação do documento. Para a polícia, a conclusão definitiva sobre o caso só seria possível se o laudo fosse feito sobre o documento original. Mas, independentemente da autenticidade da lista, a PF entende que pode verificar se houve as irregularidades apontadas no documento a partir da auditoria e dos depoimentos de algumas pessoas mencionadas no caso.