Título: PROCESSO CONTRA HERRMANN É ARQUIVADO
Autor: Evandro Éboli e Isabel Braga
Fonte: O Globo, 08/02/2006, O País, p. 9

Mesa considerou que depósitos bancários eram divisão de despesas com amigo

BRASÍLIA. A Mesa da Câmara arquivou ontem o processo contra o deputado João Herrmann Neto (PDT-SP), acusado pela CPI dos Correios de ter recebido depósitos mensais da empresa Beta Transporte Aéreo entre 2003 e 2005. A movimentação financeira da Beta revelou que o parlamentar recebeu cerca de R$3 mil mensais da empresa, totalizando R$79 mil.

Por unanimidade, os integrantes da Mesa aprovaram o parecer do corregedor da Câmara, Ciro Nogueira (PP-PI), aceitando as explicações dadas por Herrmann de que o dinheiro era parte do pagamento da manutenção de um automóvel blindado que dividia com o proprietário da Beta. Herrmann alegou que as despesas do carro ¿ usado em conjunto por sua família e pela família do empresário Ioannis Amerssonis, dono da Beta e seu amigo ¿ eram pagas por ele e ressarcidas pelo amigo com depósitos em sua conta. O deputado apresentou à Corregedoria extratos bancários, declaração do Imposto de Renda e notas fiscais cujos valores e datas coincidem com os depósitos.

O presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), confirmou o arquivamento e salientou que ele, como presidente, não vota a não ser em caso de empate.

Influenciou na decisão dos integrantes da Mesa o extrato bancário em que no mesmo mês de depósito da Beta já havia na conta um saldo de R$1,03 milhão. Para os deputados, faz sentido a tese de Herrmann de que não precisaria de mesada de R$3 mil. O PDT, que suspendeu temporariamente a filiação de Herrmann, se reúne no dia 14 para avaliar os argumentos apresentados e decidir sua situação. Segundo o presidente do PDT, Carlos Lupi, a defesa está bem fundamentada e a tendência é inocentar o deputado e garantir sua filiação.