Título: CLÉRIGO ISLÂMICO É CONDENADO EM LONDRES
Autor: Fernando Duarte
Fonte: O Globo, 08/02/2006, O Mundo, p. 29

Abu Hamza é sentenciado a 7 anos de prisão por incitar violência racial

LONDRES. Após quase dois anos atrás das grades, o clérigo muçulmano Abu Hamza al-Masri foi condenado ontem a sete anos de prisão por um tribunal britânico, por incitamento de violência racial e intolerância. Hamza, um dos líderes islâmicos mais polêmicos do Reino Unido devido a seus sermões radicais, também respondia a acusações de posse de manuais de terrorismo, em que listava monumentos como o Big Ben e a Torre Eiffel como possíveis alvos.

Condenado se considera um prisioneiro de sua fé

Ele é acusado por autoridades dos EUA de tentar instalar um campo de treinamento para terroristas no estado de Oregon, mas só poderá ser extraditado ao final da sentença. De acordo com a legislação britânica, Abu Hamza teria direito a pedir liberdade condicional já em 2008. O clérigo egípcio vai apelar da decisão por se considerar um prisioneiro de sua fé e um mártir.

Abu Hamza ficou conhecido pelo extremismo expresso nos sete anos em que comandou a mesquita de Finsbury Park, em Londres, em especial por uma conferência no primeiro aniversário do 11 de Setembro, em que elogiou os terroristas. A congregação londrina se transformou, segundo os serviços de segurança britânicos, num dos principais pontos de recrutamento e doutrinação de terroristas na Europa, bem como para captação de recursos. O clérigo só foi preso em 2004, depois de um pedido do governo americano, que o classificou como um facilitador do terrorismo global.

Também ontem, a polícia britânica prendeu Omar Khayam, o manifestante que despertou a ira da opinião pública ao se fantasiar de homem-bomba num protesto na sexta-feira, em Londres, em frente à embaixada da Dinamarca contra a publicação de charges de Maomé.

Já o jornal dos estudantes da Universidade de Cardiff tornou-se sábado o primeiro veículo de mídia impressa no país a reproduzir as caricaturas. Ontem, um porta-voz da universidade afirmou que a tiragem de oito mil cópias foi recolhida e que três estudantes foram suspensos.