Título: AS ALTERNATIVAS DO PSDB
Autor: José Aníbal
Fonte: O Globo, 09/02/2006, OPINIÃO, p. 7

Apolêmica sobre o candidato do PSDB à Presidência da República tem pautado o noticiário da imprensa nas últimas semanas. Para um partido tão jovem, que eu tive a honra de presidir durante dois anos e meio (2001/2003), trata-se de motivo de grande satisfação colocar à disposição do Brasil dois nomes da qualidade do governador Geraldo Alckmin e do prefeito José Serra. Quantos partidos hoje, no Brasil, podem contar com dois concorrentes em condições de chegar ao segundo turno e de vencer o atual presidente? Que legenda ainda poderia listar como presidenciáveis figuras da dimensão do ex-presidente Fernando Henrique, do senador Tasso Jereissati e dos governadores Aécio Neves e Marconi Perilo? Tudo isso, para nós, é motivo de grande satisfação, mas também de enorme responsabilidade. O Brasil atravessa um de seus momentos mais delicados desde a redemocratização e a gravidade da situação não permite que veleidades pessoais ou interesses menores orientem nossas decisões. O desastre provocado pelo governo Lula, a desconfiança da população em relação à classe política e, ao mesmo tempo, a esperança que os brasileiros têm depositado nos governantes e pré-candidatos do PSDB nos obrigam a uma reflexão profunda sobre o papel dos partidos políticos e dos homens públicos nesse país. Não se trata de uma mera disputa de nomes, como se o partido de repente ficasse dividido entre duas torcidas. O que importa não é discutir as qualidades e os defeitos dos pré-candidatos. Ambos têm biografias indiscutíveis e mais do que suficientes para justificar a condição de favoritos da oposição na corrida presidencial. José Serra tem um currículo admirável como secretário do Planejamento, senador e ministro da Saúde, e hoje realiza um trabalho muito bem avaliado na prefeitura de São Paulo. A população paulistana tem expectativa pela continuação de sua administração. Geraldo Alckmin, por sua vez, é um dos governadores mais populares do país, com aprovação na faixa dos 70%. Tem feito uma gestão extraordinária em São Paulo. Cortou impostos para estimular a geração de empregos, reduziu o peso do governo de São Paulo e fez o Estado crescer 7,6% em 2004, enquanto o Brasil cresceu 4,9%. Trata-se de dois políticos comprometidos com a causa pública e que praticam a coerência entre o falar e o fazer. A discussão e a decisão sobre o assunto devem ser mais abrangentes do que uma comparação entre biografias e qualidades pessoais. Tentar diminuir um não faz crescer o outro. A questão aqui é: levando-se em conta a situação de cada um, qual seria o nosso candidato para concorrer à Presidência? Tenho defendido que a candidatura mais natural é a do governador Alckmin, que está no final de seu segundo mandato. Alckmin tem atributos mais do que suficientes para justificar essa condição. O ex-governador Mário Covas, com Alckmin de vice, assumiu em 1995 um governo falido que não tinha dinheiro sequer para pagar a gasolina dos carros policiais. Depois de seis anos de extraordinária recuperação do Estado, Alckmin assumiu em 2001 dando um sentido de continuidade e inovação à gestão e atualmente administra uma das máquinas públicas mais bem organizadas e eficientes do país. Hoje, São Paulo tem 9,1 bilhões de reais para investimentos! Nesse período, tivemos a construção de 20 novos hospitais, os homicídios foram reduzidos pela metade, 6.400 escolas estão abertas nos finais de semana para a população, a jornada escolar aumentou para seis horas diárias, as faculdades técnicas foram ampliadas de 7 para 30 e 40 tipos de remédio são distribuídos gratuitamente para a população. Mais do que isso, um trecho importante do Rodoanel foi concluído; a Asa Sul, maior obra rodoviária do país, está sendo iniciada; e a capital está ganhando um novo Rio Tietê, com a calha ampliada e 50 quilômetros de jardins. O governo Alckmin, enfim, esbanja a competência que falta ao governo federal. Alckmin, testado por quase 12 anos no comando do Estado mais importante da federação, criou a expectativa, em parte da população brasileira que o conhece, de que ele agora possa reproduzir em nível federal o que realizou em São Paulo. De qualquer forma, essa escolha não será motivo para qualquer desentendimento entre nós. Não podemos desperdiçar essa oportunidade histórica de resgatar a ética e recolocar o Brasil no rumo que todos merecemos, com desenvolvimento, emprego, distribuição de renda e qualidade de vida.