Título: INDEFINIÇÃO TUCANA PREOCUPA CÚPULA
Autor: Maria Lima
Fonte: O Globo, 10/02/2006, O PAÍS, p. 8

Aécio e Fernando Henrique debatem saída para a escolha do candidato

BRASÍLIA e SÃO PAULO. O PSDB já definiu a data limite para que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito paulista José Serra cheguem a um consenso sobre qual dos dois será o candidato do partido à Presidência: 10 de março. Mesmo que o anúncio oficial seja feito só no fim do mês, a cúpula tucana considera fundamental que o clima de disputa entre os dois se encerre antes, sobretudo diante da retomada da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, registrada nas últimas pesquisas de opinião. Essa estratégia foi reforçada ontem em reunião do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves. Eles discutiram num almoço as dificuldades em avançar neste processo sem criar traumas para qualquer um dos lados. A relutância do prefeito em assumir a pré-candidatura, além da forte marcação do governador para se impor como o candidato do PSDB, no entanto, impedem o o progresso das negociações internas. ¿ As pesquisas que estão aí são pesquisas do momento. Elas já foram melhores para nós e pode ser que amanhã voltem a ser melhores ¿ disse Aécio, após o almoço, já em Belo Horizonte.

Alckmin quer apressar uma decisão de Serra

Cresce no PSDB a expectativa sobre a decisão de Serra de deixar ou não a Prefeitura de São Paulo. Dirigentes do partido já não escondem a insatisfação com a demora em torno da consolidação de uma candidatura, seja ela a favor de Serra ou Alckmin. Em conversas reservadas, tucanos consideram que tanta dúvida desgasta a imagem do partido. Alckmin tenta pressionar a cúpula partidária para que Serra tome uma posição, o que o colocaria numa situação mais confortável, já que ele não mediu riscos ao se lançar como candidato. Por sua vez, o prefeito, apreensivo com a evolução de Lula nas pesquisas, embora seja considerado hoje o único com chances de derrotá-lo, diz a interlocutores que não assume candidatura sem que antes tenha, dentro do partido, unanimidade em torno de seu nome. ¿ Quanto mais o partido espera, mais os dois candidatos (Serra e Alckmin) se desgastam. E isso cria mal-estar, saia-justa. O partido precisa chegar até março completamente unido em torno de um nome só. Isso é demonstrar força ¿ diz um dirigente tucano de alto escalão. O problema é que Alckmin quer esticar a corda até o prazo limite de desincompatibilização, 31 de março, o que faria cair por terra a vontade da liderança tucana de chegar a um consenso ainda em meados de março. O governador, segundo aliados, considera ter revertido uma possível consolidação em torno de Serra. Para Alckmin, o fato de Aécio não descartar prévias é um desses sinais. ¿ O dia 31 de março será a semi final ou a final do jogo. Se o Serra não se desincompatibilizar, só vai ter um candidato em condições de ser escolhido: Alckmin ¿ diz um articulador da candidatura do governador.