Título: LEWANDOWSKI DEFENDE QUARENTENA PARA JUÍZES
Autor: Alan Gripp
Fonte: O Globo, 10/02/2006, O PAÍS, p. 11

Aprovado em sabatina no Senado, indicado para o STF diz que magistrados devem esperar três anos antes de disputar eleições

BRASÍLIA. A um passo de se tornar o mais novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), o desembargador Enrique Ricardo Lewandowski defendeu ontem a instituição de uma quarentena de até três anos para juízes que desejarem ocupar cargos políticos. Sabatinado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, ele se comprometeu publicamente a nunca se candidatar e a encerrar a carreira no Supremo. Mesmo sendo indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Lewandowski foi muito elogiado pela oposição e deixou a comissão com um pé no cargo, aprovado por 22 votos a um. Sua nomeação será confirmada pelo plenário terça-feira. - Casei com a magistratura e Não tenho filiação partidária. Assumo que jamais me candidatarei a um cargo público - disse.

Desembargador elogiou o ministro Nelson Jobim

Desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo e titular da Faculdade de Direito da USP, Lewandowski adotou um discurso conciliador, por vezes contraditório. Ao mesmo tempo em que defendeu restrições aos juízes candidatos, disse não ver incompatibilidade entre as atividades política e jurídica: - O Supremo tem grandes magistrados que vieram da política. Sua riqueza vem dessa diversidade. Após a sabatina, em rápida entrevista, ele saiu em defesa do presidente do Supremo, ministro Nelson Jobim, acusado por senadores de dar liminares contra a CPI dos Bingos por razões políticas. - O presidente Jobim não desonrou a toga. Suas decisões foram muito bem fundamentadas - disse. Lewandowski também defendeu os hábeas-corpus concedidos pelo Supremo a suspeitos que prestam depoimentos nas CPIs. Segundo ele, as decisões cumprem um direito constitucional de defesa do cidadão. O desembargador deixou o Congresso com a garantia de que sua indicação será aprovada e arrancou elogios a Lula até de opositores ferrenhos. - Nas suas indicações ao Supremo, o presidente foi muito feliz - disse o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM).