Título: DESEMPENHO DE UNIVERSIDADES FEDERAIS É DESIGUAL
Autor: Evandro Éboli
Fonte: O Globo, 12/02/2006, O PAÍS, p. 8

Instituições no Sul e Sudeste têm melhores notas no Provão e Enade

BRASÍLIA. Donas da maior fatia do orçamento do Ministério da Educação (MEC) e símbolos de qualidade, as universidades federais estão longe de formar um bloco homogêneo. Cruzamento feito pelo GLOBO mostra a distância que separa essas instituições em termos de bons e maus resultados no antigo Provão e no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) lidera o ranking no Provão e no Enade. Em oito anos de Provão, de 1996 a 2003, e na primeira edição do Enade, em 2004, obteve 77% de conceitos máximos. No outro extremo, a Universidade Federal Rural da Amazônia, no Pará, jamais recebeu um conceito máximo. Pior, lidera o ranking das instituições com maior índice de reprovações: 75% de conceitos negativos. O levantamento considerou 43 instituições cujos estudantes participaram dos exames. Ficaram de fora três que ganharam status de universidade recentemente, além de faculdades, institutos e centros federais de educação tecnológica. ¿ Problemas, temos, mas são menores do que no sistema privado ¿ diz o presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Oswaldo Baptista Duarte Filho.

Resultado geral acima da média

As federais têm desempenho acima da média. Os cursos de 11 delas receberam conceito máximo em mais de metade das avaliações. A Universidade Federal do Rio de Janeiro recebeu a melhor nota em 67% das vezes que seus cursos foram avaliados. Há nove instituições em que os conceitos máximos são menos de 10% do total. E nove universidades que foram reprovadas em mais de 25% das vezes. ¿ Não há investimento para construir um padrão unitário de qualidade nas universidades geridas pelo MEC ¿ diz a presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior, Marina Barbosa. O desempenho da UFRJ deixa a instituição em quinto lugar no ranking, à frente das demais federais do Rio. A UniRio aparece na 16ª posição, seguida pela Universidade Federal Fluminense (18.ª), com 37,5%, e a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (23ª), com 26,9%. O critério é proporcional e considera o número de notas máximas ¿ A, no Provão, e 5 no Enade ¿ em relação à totalidade de conceitos recebidos. Universidades menores de boa qualidade levam vantagem. O número menor de cursos reduz o risco de tropeços ou boicote dos estudantes. A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) aparece em 4º lugar, à frente da UFRJ. Seu índice de conceitos máximos é 72,7%, o que significa que seus cursos obtiveram o melhor desempenho em oito das 11 vezes que foram avaliados. Os resultados revelam disparidades regionais. Das 20 universidades com maior índice de conceitos máximos, 16 são do Sudeste ou do Sul. A situação inverte-se no ranking das reprovações: quinze das 20 instituições com maior proporção de resultados negativos são do Norte, Nordeste ou Centro-Oeste. Baptista ressalva que, mesmo tendo resultados ruins, essas instituições são fundamentais nos seus estados. Elas oferecem ensino gratuito, fazem pesquisas e promovem atividades de extensão. Ele citou o caso da Universidade Federal do Acre, que recebeu só 3% de notas máximas e 28% de reprovações. ¿ Essa universidade pode ser mais importante para o Acre do que qualquer outra do Sudeste para o seu respectivo estado ¿ diz o presidente da Andifes.