Título: TUCANOS VOLTAM A ASSEDIAR PMDB
Autor: Isabel Braga e Luiza Damé
Fonte: O Globo, 13/02/2006, O PAÍS, p. 3

PSDB decide reagir às articulações do PT visando a aliança com peemedebistas

BRASÍLIA. Imobilizados pela disputa interna entre seus dois pré-candidatos à Presidência ¿ o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito paulistano, José Serra ¿ os tucanos tentam recuperar espaço na briga com o PT em busca de uma aliança estratégica com o PMDB. Depois de assistir ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva assediando o PMDB, atropelando as articulações peemedebistas para escolher um candidato próprio, o PSDB decidiu agir, ainda que de forma bem sutil. Como reação ao ataque petista, os tucanos reforçaram os contatos com antigos aliados do PMDB para apoiar a realização das prévias, em 19 de março. Tanto o PSDB como o PT gostariam de ter o apoio do PMDB já no primeiro turno, mas as articulações visam também a garantir a adesão da maioria peemedebista em eventual segundo turno entre tucanos e petistas. Entre concorrer com um candidato peemedebista em outubro e ver o PMDB aliado a Lula, os tucanos ficam, sem dúvida, com a primeira opção. E se puderem interferir na escolha do adversário, melhor ainda. Entre os dois pré-candidatos, o ex-governador Anthony Garotinho e o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, o PSDB não esconde sua preferência pelo segundo nome. De perfil mais maleável e com histórico de apoio ao governo de Fernando Henrique Cardoso, Rigotto admitiria uma renegociação de sua candidatura, crêem os tucanos. Ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso, o deputado Eliseu Padilha (PMDB-RS) arregaçou as mangas para defender a candidatura de Rigotto. No fim de semana, ele percorreu Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Paraíba em busca de votos para Rigotto. Nesta empreitada, Padilha conta com a ajuda de quase todos os governadores peemedebistas, ainda que estes tenham motivos diferentes para apoiar Rigotto. Existe um temor hoje dentro do PMDB de que Garotinho, se vencer as prévias, possa tomar conta do partido, jogando para escanteio os peemedebistas históricos e líderes regionais. Não é à toa que os principais caciques peemedebistas, mesmo os simpáticos a uma aliança com o PT, também preferem Rigotto. Embora ele diga que seguirá com sua candidatura até o fim, caso saia vitorioso das prévias, o governador gaúcho é visto pelos colegas como ¿a tela ideal para qualquer moldura¿. Ou seja, tanto poderia seguir para a disputa quanto poderia virar vice, na chapa de Lula ou na do candidato tucano. O futuro do PMDB dependerá, sobretudo, das pesquisas de opinião. Se Lula disparar nas pesquisas de intenção de votos, os defensores no PMDB de uma composição com o PT ganhariam força, a despeito das dificuldades regionais para a formalização de uma aliança no primeiro turno. Atualmente, petistas e peemedebistas só têm chance de fechar um acordo no Paraná e no Piauí. Em outros essa união é considerada impensável, como Rio, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. Tal quadro reduz as chances de Lula de levar os peemedebistas para seu palanque. Mas as negociações com os tucanos também não serão fáceis, uma vez que o PSDB já elegeu o PFL como aliado preferencial. Os pefelistas certamente não abrirão mão de indicar o vice da chapa tucana. Por ora, nenhum dos grupos do PMDB tem força bastante para levar o partido para uma aliança formal, seja com os tucanos ou com os petistas. O presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), admite as conversas com o PMDB: ¿ Estamos conversando com todos os partidos da base, até o PMDB, que tem três ministros no governo. O tucanos são mais discretos no assédio. ¿ Realmente temos alguns amigos lá, mas estamos respeitando a decisão do PMDB de lançar um candidato próprio ¿ garante o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).