Título: PALOCCI: TAXA DE JUROS PODE CAIR MAIS
Autor: Vladimir Goitia
Fonte: O Globo, 13/02/2006, ECONOMIA, p. 15

Ministro diz em entrevista à TV que inflação este ano está com "boa cara"

SÃO PAULO. O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, disse que as taxas de juros cobradas pelo Banco Central continuarão a recuar porque a inflação, este ano, está com ¿uma boa cara¿. Em entrevista à Rede TV!, no programa Show Business, de João Dória Jr., que foi ao ar neste domingo, o ministro afirmou que, apesar de um pequeno sobressalto no início do ano, a inflação tem tido um bom comportamento e, se assim continuar, as taxas de juros cairão mais. Palocci disse que o governo continuará a fazer projetos de desoneração tributária para devolver parte dessa pesada carga à sociedade sempre e quando a arrecadação crescer, o que estaria ocorrendo não por um aumento de imposto, mas pela melhora no lucro das empresas. O ministro frisou que na área econômica (de um governo) não há ¿nenhum serviço feito sem custos¿. Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:

JUROS: ¿A taxa de juros cumpre um papel importante. Ela é muito polêmica. Talvez a mais polêmica da política econômica. Se por um lado causa efeitos negativos, porque, de fato, para exercer o papel de controle da inflação, cria constrangimentos ao crescimento, é importante verificar que, ao cumprir esse papel, ela (...) induz a um processo de crescimento muito forte. Nosso foco não é no nível de juros, mas no controle da inflação, que tem tido um bom comportamento, apesar de um pequeno sobressalto no início do ano. Aparentemente, a inflação tem uma boa cara este ano. Se assim for, as taxas de juros tendem a cair (mais). Essa direção o Banco Central deve seguir¿.

INFLAÇÃO: ¿A inflação funciona assim: se você não controla, ela reduz o crescimento. Melhor fazer trabalho prévio de controle, senão, ela vem e volta, com danos muito grandes à renda das famílias e ao processo econômico. Combater a inflação tem custos. Na área econômica, não existe nenhum serviço que é feito sem custos¿.

BANCO CENTRAL: ¿Insisto em trabalhar com a autonomia no Banco Central. Acho que é melhor. Mesmo quando a minha opinião não é exatamente a mesma do BC, eu defendo que o banco tome as suas decisões. (...) Mas é importante verificar que, mesmo com as críticas de 11 em cada dez críticos, a evolução dos acontecimentos mostrou que o Banco Central estava certo¿.

CARGA TRIBUTÁRIA: ¿Concordo que ela está no nível limite. Se você olhar um livro de economia, não verá uma carga (tributária) limite. Mas ela é aquela que a sociedade fala que está no limite, e a nossa chegou a esse ponto. Mas não fomos nós que a trouxemos a esse patamar. Não foi nesse governo, o que não nos exime dessa responsabilidade. Mas nenhuma alíquota foi aumentada desde 2004. Não deve e não pode. Se a arrecadação (no ano passado) cresceu, não é pelo aumento de impostos, mas pelo aumento do lucro das empresas. E essa é uma boa notícia. Se esse crescimento (o lucro) continuar, vamos fazer mais projetos de desoneração para devolver parte dessa carga à sociedade¿.