Título: Pesquisa: Lula quer evitar euforia e salto alto
Autor: Cristiane Jungblut e Isabel Braga
Fonte: O Globo, 15/02/2006, OPINIÃO, p. 8

Números mostram virada do petista contra Serra e recuperação do prestígio entre os eleitores da classe média

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemorou a recuperação de popularidade do governo e a melhora de seu desempenho na disputa presidencial, apontados na pesquisa CNT/Sensus divulgada ontem, mas orientou ministros e líderes petistas a evitar euforia e salto alto. O ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, recomendou "humildade e tranqüilidade nesse momento". Ele comentou a disposição do PSDB de pedir uma auditoria na pesquisa. - Não temos paternidade sobre a pesquisa. É estranho que não contestamos quando ela tinha números ruins para nós e que agora eles contestem. É preciso escolher: se só presta quando é bom (para eles), ou se o instituto está fazendo um trabalho sério. Se vai contestar ou não é decisão da oposição - disse Jaques Wagner. - Pesquisa boa é sempre recebida com satisfação, mas muita cautela. Àqueles que nos apóiam, eu recomendaria humildade, obstinação e trabalho. Essa é a palavra do presidente Lula. Qualquer prognóstico é precipitado.

Lula conquistou mais votos entre os indecisos

A pesquisa Sensus aponta a virada de Lula em relação ao prefeito de São Paulo, José Serra, nas intenções de voto. Num segundo turno com o tucano, Lula teria 47,6% dos votos, contra 37,6% de Serra. Na pesquisa de novembro, Serra, com 41,5% das intenções de voto, bateria Lula, que tinha 37,6%, num eventual segundo turno. Nas intenções de voto para o primeiro turno, os índices de Lula vão de 42,4% a 35,8%, dependendo do número de candidatos. Serra é o adversário mais forte. Se o candidato do PMDB for o ex-governador Anthony Garotinho, Lula soma 40,2% dos votos, contra 28,6% de Serra. Quando o candidato do PMDB é o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, Lula sobe para 42,5%, e Serra, para 31,5%. A simulação feita com o governador Geraldo Alckmin como candidato tucano mostra Lula com 42,2% das intenções de voto, contra 17,4% do governador - com Garotinho como candidato do PMDB. Se Alckmin e Lula fossem para o segundo turno, o tucano teria 29,7%, contra 51,3% de Lula. Segundo o diretor-presidente do Sensus, Ricardo Guedes, a melhora de Lula se deu entre os indecisos. Para Wagner, a recuperação do presidente está baseada em elementos concretos, como melhoria de renda dos trabalhadores, estabilidade econômica, os programas sociais como o Bolsa Família e o aumento do salário-mínimo. E disse também que a oposição está se prejudicando ao adotar a "tática do xingamento" contra Lula. A pesquisa mostra que Lula recuperou prestígio na classe média e nos setores com maior escolaridade. Sua popularidade continuou crescendo nas classes de menor poder aquisitivo. Na pesquisa de novembro, 33,3% dos entrevistados com nível superior aprovavam o governo Lula e 58,3% desaprovavam. Na pesquisa de fevereiro, a aprovação subiu para 44,1% e a desaprovação caiu para 48,8%. Entre os de nível médio a aprovação, que era de 45,2% em novembro, subiu para 49,5%. Dos que têm formação de 5ª a 8ª séries, a aprovação subiu de 43,9% para 56,4%. O governador do Acre, Jorge Viana, reproduziu o que ouviu de Lula ontem: - Temos que estar com o pé no chão e não entrar na euforia, não ficar de salto alto.