Título: PAQUISTÃO: DOIS MORTOS EM PROTESTOS CONTRA CHARGES
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Fonte: O Globo, 15/02/2006, O MUNDO, p. 29

Manifestantes atacam lojas e bancos ocidentais em Lahore e Islamabad

ISLAMABAD. Milhares de paquistaneses participaram ontem de protestos enfurecidos em Lahore e Islamabad, nas mais violentas manifestações no país contra as charges que satirizaram o profeta Maomé. Manifestantes puseram fogo em prédios, bancos, lojas e hotéis de redes ocidentais. Duas pessoas foram mortas em Lahore, e a polícia suspeita que grupos extremistas incitaram a violência. Em Lahore, homens pareciam direcionar ataques. A polícia usou gás lacrimogêneo, atirou para o alto e revidou com cassetetes pessoas que atacaram uma agência do Citibank, uma loja do McDonald's e uma lanchonete KFC, onde puseram fogo. Dois manifestantes foram mortos a tiros por seguranças ao tentar incendiar um banco. Houve um princípio de incêndio na Assembléia Legislativa e dezenas de carros foram queimados. Na capital, Islamabad, cerca de 400 estudantes fizeram um protesto na região fortemente policiada onde ficam as embaixadas estrangeiras. Eles atirando pedras contra uma agência do banco britânico Standard Chartered e foram dispersados com gás lacrimogêneo. Em Teerã, manifestantes atiraram pedras na Embaixada da Alemanha, depois de um jornal do país publicar uma charge em que jogadores de futebol iranianos apareciam envoltos em explosivos num jogo contra guardas alemães. A embaixada britânica também foi alvo de manifestações. Numa entrevista à CNN, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, disse que Irã, Síria e outros governos que não conseguiram proteger embaixadas estrangeiras das manifestações deveriam pagar pelos prejuízos. Numa ação que deve causar embaraço ao governo italiano, o ministro das Reformas, Roberto Calderoli, mandou fazer camisetas estampadas com as charges de Maomé. Calderoli, um integrante do partido antiimigração Liga Norte, disse que vai distribuir as camisetas. Já o cartunista australiano que teve uma charge relacionada ao Holocausto publicada num site iraniano disse ontem que o trabalho era antigo e que ele não o enviou, nem autorizou sua publicação. - Foi uma fraude, um trote de alguém aqui da Austrália - disse Michael Leunig.