Título: ALCKMIN, EM CAMPANHA, RESISTE
Autor: Tatiana Farah e Germano Oliveira
Fonte: O Globo, 20/02/2006, O PAÍS, p. 3

Governador mostra que não abandonará candidatura e brinca com seu apelido `picolé de chuchu¿

Ogovernador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), passou o fim de semana em campanha eleitoral, para deixar claro à cúpula do PSDB que não está disposto a desistir de sua candidatura à Presidência da República em nome da unidade do partido. Depois de o prefeito José Serra se reunir com os líderes tucanos e afirmar que só será candidato se não houver disputa interna, Alckmin esteve sábado em Torres (RS) com a deputada Ieda Crusius e ontem foi a Jundiaí lançar um pacote de obras e entregar carros oficiais. O governador afirmou que, com seu ¿olho clínico de médico¿, sabe que será o candidato da cúpula tucana para concorrer à Presidência. E disse que já tem até o slogan da campanha. ¿ O meu mote será: o Brasil vai crescer pra chuchu, nós vamos ter emprego pra chuchu. Vai ser um governo que é um chuchuzinho ¿ afirmou Alckmin, numa alusão a seu apelido ¿picolé de chuchu¿ (pelo fato de nunca tomar atitudes polêmicas e ter pouco carisma). O governador disse que não elevará o tom das críticas ao governo Lula, diferentemente do que faz o prefeito. Nem com as pesquisas internas do PSDB, segundo as quais 70% acham Serra o candidato mais competitivo. ¿ Cada um tem seu estilo. Eu não acredito que ninguém vá se eleger chamando o adversário de ladrão. Até porque, se tiver roubalheira, o povo já sabe. Você precisa dizer a que veio, porque veio e para quem veio ¿ afirmou o governador. Segundo Alckmin, até o início de março deve ser tomada a decisão da cúpula tucana, formada pelo ex-presidente Fernando Henrique, o governador mineiro Aécio Neves e o presidente nacional do partido, o senador Tasso Jereissati (CE). Enquanto a decisão não sai, o governador continua firme na proposta de deixar o cargo no dia 31 de março, ¿às cinco da tarde¿. Até lá, o governador afirmou não pensar em um plano B, com o qual concorreria ao Senado ou à Câmara. ¿ O plano é A ¿ garantiu. Alckmin nega que esteja sofrendo pressões para desistir. Seus aliados afirmam que, após o jantar do triunvirato tucano com Serra, a solidariedade ao governador aumentou.

Reunião com dois mil militantes

No sábado, Alckmin se reuniu com dois mil militantes do PSDB em Torres (RS) e, segundo assessores, o próximo estado a ser visitado será a Paraíba. Antes disso, amanhã, pretende dar outra demonstração de força: receberá o apoio da bancada tucana paulista e se reunirá, no mesmo dia, com a bancada federal em Brasília. Mais importante do que os contatos é o encontro que terá esta semana com o triunvirato, nos mesmos moldes do jantar oferecido a Serra semana passada. ¿ Vamos fazer essa conversa esta semana. Os dirigentes do partido não apóiam nem um nem outro. Eles querem conversar para buscar a melhor solução. Em março isso está resolvido ¿ apostou Alckmin. O governador negou que Serra tenha dito que só aceitará ser candidato se for unanimidade no partido. ¿ Não tenho informação sobre isso. Minha candidatura está colocada, eu vou disputar, saio do governo (estadual) e sou pré-candidato. E animado ¿ garantiu o governador, assegurando que vai ganhar a disputa interna: ¿ Médico tem olho clínico, né? Alckmin disse que o prazo do PT no governo federal já expirou. ¿ Quatro anos para o PT, para o presidente Lula, já foi demais, pois o governo encurtou. Estamos desde o ano passado discutindo isso (a eleição) porque houve um sentimento de que o governo acabou antes da hora. Enquanto Alckmin se articula com o baixo e o médio tucanato, organiza viagens e lança pacotes de obras e inaugurações, Serra cumpre agenda discreta, deixando claro que a prioridade é a Prefeitura, ao menos por enquanto. Passou o fim de semana com a família e só reaparecerá publicamente hoje, no subúrbio de São Paulo, num evento contra a poluição visual. ¿ O prefeito vai continuar tocando a prefeitura e amanhã (hoje) vai pintar de branco muros pichados na Vila Prudente. A imprensa é que deseja que ele fale sobre candidatura ¿ disse um assessor de Serra. No PMDB, o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, pré-candidato à Presidência da República, passou o fim de semana em campanha no interior de São Paulo e disse que já conta com a maioria dos votos para vencer o ex-governador do Rio Anthony Garotinho, na prévia do dia 19 de março. Depois de falar com centenas de correligionários que votarão na prévia, em vários encontros organizados pelo ex-governador de São Paulo Orestes Quércia, no interior de São Paulo, Rigotto disse acreditar que só perderá para Garotinho no Rio. Rigotto, que se licenciou do governo na semana passada para entrar de cabeça na campanha para a prévia, garante ter o apoio dos líderes do PMDB Orestes Quércia, Luiz Henrique Silveira, Roberto Requião, Jarbas Vasconcelos, Newton Cardoso, Garibaldi Alves Filho, Zaire Rezende, Tarcísio Delgado, Pedro Simon e Íris Rezende. ¿ Essas figuras construíram o PMDB, a história de lutas de um partido que mudou a trajetória da política nacional. Garotinho tem dito que eu tenho os caciques e ele tem a base do partido, o que não é verdade. Tenho o apoio da base porque os peemedebistas percebem que não tenho rejeição e não tenho um passado de máculas. Rigotto, que esteve ao lado de Quércia em São Paulo, Araraquara, Ribeirão Preto e Campinas neste final de semana, acha que a única coisa que Garotinho tem de vantagem é um índice maior nas pesquisas. ¿ Garotinho só tem índices maiores porque foi candidato a presidente em 2002 e está rodando o país como candidato há mais tempo. Mas quando a campanha começar no rádio e na TV vou mostrar que sou uma opção melhor entre Lula e o PSDB, e vencer a eleição. Quando fui candidato a governador no Rio Grande do Sul, tinha 2% em junho. Agora, começo com 2,5% ¿ disse Rigotto.