Título: RELATÓRIO: NÚMERO DE DEPUTADAS NO BRASIL É BAIXO
Autor:
Fonte: O Globo, 02/03/2006, O País, p. 9

O Brasil foi parar na 107º colocação, no ranking sobre a participação de mulheres nas câmaras de deputados, elaborado no ano passado. A avaliação incluiu 187 países e foi elaborada a partir dos dados das últimas eleições em cada nação (no Brasil, as de 2002), pela União Interparlamentar (UIP), organização de fomento à cooperação entre as câmaras nacionais de mais de 140 países. Ruanda, na África, aparece em primeiro lugar, com 48%. A média brasileira, 8,8%, é pouco superior à de países árabes, que têm 6,8% de mulheres nos parlamentos.

As mulheres representam mais da metade da população do planeta. Os países nórdicos, reconhecidos pela igualdade entre os sexos, ocupam posições no topo da lista: em segundo, a Suécia (45,3%); em terceiro, a Noruega (37,9%); em quarto, a Finlândia (37,5%); e em quinto, a Dinamarca (36,9%). Holanda (36,7%), Cuba (36%), Espanha (36%), Costa Rica (35,1%), Argentina (35%) e Moçambique (34,8%) completam a relação dos dez países com maior número de legisladoras.

Os Estados Unidos também ficaram abaixo da média mundial de 16,6% de mulheres na composição da câmara dos representantes, com apenas 15,2%. O Brasil é o país sul-americano que ocupa a pior colocação na lista, atrás de Argentina (9º), Guiana (17º), Suriname (26º), Peru (55º), Venezuela (59º), Bolívia (63º), Equador (66º), Chile (70º), Colômbia (86º), Uruguai (92º) e Paraguai (99º). A UIP nota a melhora no desempenho de alguns países sul-americanos depois da introdução de políticas de cotas mínimas para candidatas, como aconteceu na Argentina, na Bolívia e na Venezuela.

A proporção de mulheres no Senado brasileiro é um pouco mais alta, de 12,3%, mas como vários países não têm uma estrutura semelhante, não foi elaborado um ranking específico.

Tendência é de crescimento da participação de mulheres

A UIP aponta uma tendência mundial de crescimento na participação das mulheres, já que a média global de 16,4% de legisladoras é um recorde. Em 20 câmaras de deputados do mundo, as mulheres já ocupam mais de 30% das cadeiras, segundo a organização. No entanto, a UIP destacou que o objetivo de ter um mínimo de 30% de legisladoras em todo o mundo, estabelecido na Conferência das Mulheres da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1995, ainda está distante.

A organização também elogiou o progresso feito por países que enfrentaram conflitos nos últimos anos, como o Afeganistão, o Burundi, o Iraque e a Libéria. No Kuwait, mulheres foram autorizadas a se candidatar pela primeira vez em 2005, de acordo com a UIP.