Título: EXECUTIVO DA TOSHIBA DIZ TER HAVIDO CAIXA DOIS PARA PROPINA EM FURNAS
Autor: Isabel Braga
Fonte: O Globo, 04/03/2006, O PAÍS, p. 5

Valério recorre à Justiça para cobrar R$15 milhões do BB e da Visanet

BRASÍLIA. O ex-superintendente Administrativo da Toshiba José Antônio Csapo Talavera afirmou em depoimento à Polícia Federal que a multinacional japonesa teria usado um caixa dois para pagar propina a políticos e diretores de Furnas Centrais Elétricas. Segundo ele, a Toshiba participava de um cartel de empresas envolvidas em fraudes de licitações promovidas por Furnas. Só em um dos casos, o lobista Pedro Terra teria cobrado US$5 milhões para garantir a Toshiba o contrato de construção de duas usinas termelétricas de Furnas em Campos e em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. A Toshiba tem duas fábricas em Minas Gerais e São Paulo. Furnas é, segundo Talavera, a maior cliente da empresa no país. Talavera foi levado à PF pelo deputado distrital Augusto Carvalho (PPS) na quinta-feira. O depoimento foi entregue à CPI dos Correios. Segundo Talavera, um dos envolvidos no esquema seria Leonídio Soares, diretor da Toshiba em Minas. Soares teria mencionado o fato numa reunião, em fevereiro de 2001.

Valério cobra dívida do BB e da Visanet

Talavera disse não saber que políticos eram beneficiados pelo esquema. Ele sustenta que a Toshiba rejeitou o contrato de construção das usinas termelétricas em Campos e São Gonçalo por considerar o valor da propina extremamente elevado. Mais tarde, o contrato acabou sendo assinado com a JP Engenharia. O empresário Marcos Valério foi à Justiça para tentar receber uma suposta dívida de R$12,9 milhões do Banco do Brasil e da Visanet. Alega que sua agência, a DNA Propaganda, não foi paga por campanhas feitas de dezembro de 2004 ao fim de 2005. O juiz Fabrício Fontoura Bezerra, da 10ª Vara Cível de Brasília determinou que o BB e a Visanet sejam notificados judicialmente da cobrança. O BB afirmou que só se pronunciará quando for notificado. A Visanet, em nota, afirma que ¿não tem e nunca teve nenhuma relação contratual¿ com a DNA.