Título: o que o presidente disse
Autor:
Fonte: O Globo, 03/03/2006, ECONOMIA, p. 22

PIB

"Acredito que a saúde econômica do Brasil não pode ser medida apenas em termos de PIB, pois a História já mostrou que outros países cresceram, em diferentes momentos, acima de 6% ou 7% por ano, mas sem distribuição de benefícios para os mais pobres."

"Não estamos com pressa para fazer a economia decolar imediatamente. Primeiro, queremos consolidar a base macroeconômica do Brasil, para alcançar um ciclo de crescimento que possa durar por dez, 15 anos, algo que os economistas chamam de crescimento sustentável."

"Assim, em primeiro lugar, precisamos ser bastante prudentes, não se deixar abater pelas críticas."

PESO DOS IMPOSTOS

"Estou no governo há três anos e não elevamos uma única taxa até agora. Por que estamos recolhendo mais impostos? Primeiro porque as empresas alcançaram mais lucros, e a maior parte da receita que tivemos veio do Imposto de Renda. Em segundo lugar, porque a qualidade do sistema de arrecadação de impostos resultou numa receita maior."

"Mas há também uma longa lista de produtos e outras coisas que obtiveram dedução de impostos este ano. Reduzimos os impostos de 38 tipos de material do setor da construção civil para estimular a construção de novas moradias."

DILMA X PALOCCI

"Não existe uma discordância entre (o ministro da Fazenda, Antonio) Palocci e (a ministra-chefe da Casa Civil) Dilma (Rousseff) quanto à sintonia fina da política fiscal. O que está em debate é o 'timing'."

ALCA

"Quando assumi, a Alca era uma questão altamente ideológica. O Brasil estava dividido: aqueles contra a Alca eram de esquerda; aqueles a favor, de direita. Então, o que fizemos sobre isso em 36 meses? Tiramos o peso ideológico do debate e enfatizamos, como alternativa, a reconstrução do Mercosul, de modo que na OMC pudéssemos discutir a construção do G-20."

MERCOSUL

"Quando assumi, ninguém acreditava mais no Mercosul. Restabelecer a confiança no Mercosul não foi fácil. A eleição de (Néstor) Kirchner (na Argentina), Tabaré (Vásquez, no Uruguai), do presidente do Paraguai, Nicanor Duarte, foi importante para mostrar que não precisamos fugir de diferenças comerciais."

"Foi um gesto do Brasil para a Argentina (o recente acordo que permite ao país vizinho a adoção de salvaguardas contra produtos brasileiros). Essas coisas não acontecem por decreto, elas ocorrem por persuasão."

ONU

"O Brasil está lutando por uma reforma profunda na ONU. A ONU existe há 60 anos, e os conflitos que a criaram não existem mais ou, pelo menos, não existem mais da mesma forma. A ONU deve considerar a nova geopolítica (...). Assim, queremos que a ONU, e não apenas o Conselho de Segurança, seja mais representativa dos problemas do mundo político atual."