Título: REMÉDIOS USADOS PELO PRAZER E PELA ESTÉTICA
Autor: Cláudia Lamego e Demétrio Weber
Fonte: O Globo, 05/03/2006, O País, p. 15

RIO e BRASÍLIA. Mulheres mais magras, homens mais potentes. O encontro da busca feminina pelo corpo perfeito com a necessidade masculina do bom desempenho sexual produziu dois recordes no Brasil: o país é líder do ranking mundial de consumo de remédios para emagrecer ao mesmo tempo em que o Viagra e similares são os medicamentos mais vendidos no país.

Segundo o IMS Health, instituto especializado em pesquisas no mercado farmacêutico, o país consome por mês 1,18 milhão de comprimidos contra a impotência sexual. Relatório da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (JIFE) divulgado anteontem mostra que entre 2002 e 2004 o Brasil registrou um consumo diário de 9,1 doses de anorexígenos (anfetaminas controladoras do apetite) por grupo de mil habitantes ¿ que supera o de países como Estados Unidos e Argentina.

Mas a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu apertar o cerco contra a prescrição e venda excessiva de anfetaminas e Viagra, além de outros remédios consumidos em larga escala no país. Nos próximos meses, a agência pretende lançar um projeto piloto de análise das receitas deixadas nas farmácias para a compra de remédios de tarja preta. O objetivo é saber quem são os médicos e que quantidade de medicamentos estão receitando.

Projeto de coibir venda de Viagra sem receita

O novo sistema poderá abrir caminho para outro tipo de fiscalização, esse bem mais difícil, que é coibir a venda de remédios como o Viagra, que não exigem a retenção da receita e são comprados sem prescrição.

¿ O varejo farmacêutico é caótico no Brasil ¿ diz o diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Raposo de Mello.

Ainda não foram definidas as cidades onde será lançado o projeto piloto de análise de receitas médicas retidas nas farmácias. Segundo Mello, deverão ser escolhidos inicialmente grandes centros urbanos.

O presidente da Anvisa diz que outro problema é a venda de medicamentos pela internet, o que dificulta a fiscalização.

¿ Quem trabalha nesse ramo (da internet) não tem endereço fixo, o que dificulta a repressão.